Experiência Missionária na África


A hora chegou! Aconteceu o momento de Deus na minha vida. Foi tudo muito rápido; além de ir para o Chade, na África por 1 mês, realizei o sonho de caminhar por Assis, aonde nosso Pai Francisco caminhou. Tudo respira Francisco, tudo fala de Deus! Foi tanta emoção e alegria naquele lugar sagrado.

Desde meus preparativos para a viagem, Deus foi conduzindo tudo e a minha alegria era também a alegria de todas as irmãs. Ir. Virgínia, Superiora Provincial e o seu Conselho; minha Fraternidade do Instituto Nossa Senhora de Fátima; todas, todas, me ajudaram de diversas maneiras e me acompanharam com suas orações.

Ao chegar à Casa Geral, em Roma, fui acolhida na alegria Franciscana: Ir. Ester Pinca, Custódia Maior, com toda a sua bondade e ternura na qual sou eternamente grata; Ir. Sonia Sofia, Secretária Geral, com sua atenção em arrumar, no tempo certo, toda a documentação; o Conselho Geral, não medindo esforços para sanar minhas necessidades e me proporcionar um convívio fraterno, capaz de “sentir-me em casa”… Eu me perguntava se era sonho ou realidade. Na Itália, transitando pelas ruas de Roma, conhecendo o Vaticano, andando na Praça São Pedro, assistindo a audiência do nosso querido Papa Francisco emocionada, agradecia e louvava a Deus por me haver escutado.

Imbuída do espírito Franciscano, chegou o dia de partir para a África. Sem saber a língua, eu só pedia a Deus que a comunicação acontecesse pela linguagem do amor. Não foi fácil, mas com esforço dava para nos compreendermos mutuamente, cada uma na sua própria língua, literalmente. Realmente uma experiência única, sem igual, cheia do amor de Deus.

Nas nossas comunidades de Bodo e Dobá, fui observando a cultura, o jeito das irmãs se relacionarem, evangelizarem e atuarem com o povo. E o que via me alegrava, me preenchia, fazia arder o coração e dizer interiormente com Francisco: “é isso que eu procuro, é isso que eu desejo, é isso que eu quero viver, e fazer de todo o meu coração”. Na doação e entrega de nossas irmãs o Reino vai acontecendo junto àquele povo miserável, sofrido, que, mesmo diante das dificuldades, são felizes e transmitem alegria principalmente nas celebrações litúrgicas.

Meu objetivo maior na experiência era acompanhar a rotina de trabalho no dispensário (espécie de posto de saúde) em Bodo, junto à ir. Cecilia. Estava na expectativa de ver o primeiro parto de uma menina linda, mas para minha tristeza nasceu morta. E… a vida continua. Senti muita dificuldade e muita dor interior ao ver, principalmente crianças desnutridas, desidratadas; algumas em fase terminal. As pessoas com ferimentos que iam ao dispensário me cortavam o coração. Nos “cantões” do nosso imenso Brasil há muita pobreza, miséria, mas não se compara com a desta região do Chade. É uma miséria institucionalizada, sem perspectiva de melhora. Eles desconhecem outra forma de viver.

Foram tantas experiências vividas que é difícil descrever. Contudo, cada sorriso, cada aperto de mão recebido era o carinho de Deus para comigo. E a sábia palavra do padre João, pároco de Bodo: “primeiro amar depois aprender a língua. Se não tem amor de nada vale”,  foi o que me fortaleceu, pois foi esta a minha motivação principal ao deseja fazer ser missionária: a amar.

Deixando a África voltei a Roma e, para minha alegria e realização do sonho, a querida Ir. Eva Maria, Conselheira Geral me acompanhou até o berço do nosso Instituto: Castellammare di Stabia. Tão grande foi minha emoção que as palavras não conseguem descrever meus sentimentos. Diante de tantas graças e oportunidades só sabia dizer: Obrigada, Senhor, por tudo; por seres tão generoso para comigo. Tudo é obra Tua. Como é bom, como é agradável andar naqueles lugares onde nossos fundadores passaram, viveram e lançaram a semente da nossa história Alcantarina. Em todas as fraternidades por onde passava, eu me sentia mais Alcantarina e, renovada em todos os sentidos. Muito bom reencontrar Madre Amália Coluccia, Ir. Tarcisia D’Imperio e Ir. Madalena Calderone que deixaram sua marca Alcantarina em nosso Brasil.

Deixo registrado aqui, minha gratidão, amor, alegria e esperança de poder concretizar, com a graça de Deus meu retorno à África por um período maior. Obrigada Senhor por tanto amor! Obrigada à minha família Alcantarina por esta oportunidade. Deus seja louvado por tudo.

Ir. Solange Machry


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