A PAZ através da Poesia: Minha Pedagogia


 

 

 

A Paz se canta, se celebra, se conquista, se constrói, se vive de inúmeras maneiras: por palavras, através da música, da arte, da ação. Ela brota dos corações mansos e humildes; dos profetas que buscam fazer com que todos “sejam IRMÃOS”.

 

 

 

Minha Pedagogia

Dom Helder Câmara

 

Não ensines a teu filho que as estrelas

Não são do tamanho que parece ter:

Maiores do que a terra!

São lâmpadas que os anjos acendem todos os dias

Assim que o sol começa a escurecer…

 

Não diga a teu filho

Que as asas dos anjos

Só existem na imaginação

Já vi meu anjo em sonho e posso jurar

Que ele tem asas claras

Que até parecem feitas de luz.

 

Não encha a cabeça do teu filho

Ensinando-lhe hipóteses precárias

Que amanhã de nada servirão.

 

Povoa de beleza

O olhar inocente do teu filho.

Dá-lhe uma provisão de bondade

Que chegue para a marcha da vida.

Infundi-lhe na alma o amor de Deus

E tudo mais por acréscimo ele terá.

 

“Poema do saudoso Dom Helder Câmara, bispo em Olinda-PE. No decorrer de sua vida, tomou para si a missão de lutar pelas causas sociais e com singeleza e candura discorrer, nesse poema, a cerca da pureza do ser criança, imbuída de imaginação, inocência e amor.

Não percamos tempo, para abraçarmos esses versos, e trazermos para nossas vidas o zelo, o afeto, o mimo, e, sobretudo, respeito que toda e qualquer criança merece ter. Nada de pensamentos retrógrados, herdados de culturas arcaicas que se quer desfrutavam do prazer do convívio direto (no sentido de tato, tatear, pegar…), numa das fazes mais belas da infância – a de quando a criança é bebê.

Façamos uma revolução senhores pais e senhoras mães, babás, vovós e vovôs, titios e titias, amigos da família, ou seja, lá quem for: a criança é um ser abençoado por Deus, e com tal, deve ser agraciada por cada um de nós; nós que fazemos parte do mundo dos grandes, das pessoas sérias, ocupadas demais, mas que mesmo equivocados com o que chamamos de “responsabilidade”, “seriedade”, não esqueçamos de fazermos diariamente, seja lá qual for o grau de parentesco ou não: mimar, mimar, amar, amar, a criança que existe em seu derredor…

Quando isso acontecer um dia, os gritos e os castigos darão lugar ao diálogo e a disciplina, os apelidos usados no intuito de manchar o brio da identidade de uma criança será extirpado por si só da língua daquele(s) que o fez. Dessa forma, os direitos universais da criança e do adolescente, no que se refere a sua integridade física, psíquica e moral serão assegurados, não pela força da lei, mas, primordialmente pela ação individual e/ou coletiva de cada um de nós – os sérios e responsáveis demais.

Estamos cientes de que o campo de discussão é bem maior do que esse que timidamente propusemo-nos expor, considerando que adentrar no universo infantil perpassa por valores singulares que Dom Helder discorreu tão bem. Você, a partir de agora, passas a ser responsável pela alegria ou choro, sorriso ou indiferença de uma criança,… Aproveite para povoar de beleza as tuas atitudes grosseiras, arraigadas com receitas prontas, etiquetas vazias, “achismos” baratos, que exige da criança aquilo que nem você é capaz de fazer depois de grande; mamães, papais, babás, titios e titias, vovós e vovôs, amigos e amigas da família, fulano ou cicrano, as estrelas são lâmpadas que os anjos acendem todos os dias e que só o amor nos faz melhores… Abrace a criança que está em você e promova a paz!”.

Maria Cleidimar Fernandes de Brito


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