PÁSCOA: alegria do encontro com o amor de Deus.


 

Inicio esta reflexão sobre este tempo forte de preparação para Páscoa, recordando as palavras do nosso querido Papa Francisco no documento Evangeli Gaudium: “Há cristãos que parecem ter escolhido viver uma quaresma sem Páscoa.”

Com esta afirmação Papa Francisco nos exorta ao perigo de vivermos a quaresma como se fosse um tempo de tristeza, ou pior ainda, a vivermos sempre

 como se estivéssemos querendo mostrar aos outros a nossa tristeza. Precisamos nos permitir viver a alegria da Ressureição; é somente com este objetivo que devemos viver a quaresma, ou seja, em vista da Ressurreição.

O Papa Emérito Bento XVI, nos recorda no seu documento (Deus Caritas) que nossa missão como cristãos é viver esta alegria do Encontro, com Cristo e com os irmãos: “ao inicio do ser cristão não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, uma pessoa, que dá a vida, um novo horizonte e, desta forma rumo decisivo.”

Este encontro com o Ressuscitado nos alimenta e faz crescer na fé e na vida em fraternidade, nos ajuda a ver o outro com os olhos da fé, a buscar a alegria nas pequenas coisas, momentos de felicidade que nos tornam pessoas livres.

Nossa Páscoa, então, acontece à medida que temos a coragem de dar a vida em favor do outro; não precisa ser no martírio de sangue, mas dar a vida diariamente, dia por dia, até um dia doá-la totalmente a serviço do irmão. “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.” (Mt 28,19-20)

Neste tempo de preparação para o grande acontecimento da Páscoa, é importante ouvir o mandato missionário do nosso Papa, ele nos convida a lutarmos por uma Igreja em saída, capaz de ir ao encontro do irmão nas periferias da sociedade, inclusive nas periferias da nossa existência.

É preciso identificar quais são as periferias que necessitam da nossa presença e com o coração aberto dizer não a uma economia de exclusão e desigualdade social, uma economia que gera violência e morte, somos cristãos e como tal somos geradores de vida, como cristãos e, sobretudo como consagradas, somos chamadas a uma atitude de facilitadores da graça de Deus na vida do irmão.

Ser capaz de oferecer misericórdia, como fruto de quem já experimentou a in

 

finita misericórdia de Deus Pai. Ter a consciência missionária de que a misericórdia é a mãe de todas as virtudes, afinal o que conta antes de tudo é o amor que move a nossa fé (Gl 5,6). A fé sem obras é morta, ela se alimenta de uma vida coerente com os valores cristãos, valores contrários aos valores de uma sociedade que produz a miséria a desigualdade, a violência e a morte.

A Páscoa nos ensina que o nosso coração deve ser sempre uma porta aberta para acolher o irmão, especialmente o irmão que precisa de misericórdia, como na Parábola do Filho Prodigo, devemos esperar de braços abertos o irmão que se perdeu e deseja encontrar no nosso abraço o abraço misericordioso do Pai.

A todos devemos levar a consolação e o amor salvìfico do Pai, que opera em cada pessoa para além de suas limitações. O tempo da quaresma, como grande preparação para Páscoa da Ressurreição, nos chama à vivência do Perdão como porta aberta para acolhida do irmão. Nos chama ao compromisso com a VIDA, vida plena em Cristo.

Este é o tempo favorável para aprofundar nosso encontro com Deus, na escuta da sua Palavra, escutar com atenção o que Jesus nos diz: “Procurai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais vos será dado em acréscimo” (Mt 6,33). É nossa tarefa fazer o Reino de Deus acontecer todos os dias, e levar a Boa nova do Evangelho a todos os irmãos de perto ou de longe, ou seja, ir ao encontro.

Deus se encarrega das nossas fragilidades. Ele mesmo nos conduz pelos caminhos da justiça, mas precisamos deixar que Ele nos conduza, como com propriedade nos lembra Papa Francisco: “É bonito saber que o Senhor se encarrega das nossas fragilidades e nos coloca em pé e com paciência nos dá forças para recomeçar”.

Este é o tempo favorável para recomeçar, não podemos viver uma quaresma sem Páscoa, como nos diz Papa Francisco no documento citado no inicio desta reflexão, a quaresma nos prepara para viver com intensidade a maior celebração cristã, a RESSURREIÇÃO. Jesus nos convida a renascer para uma vida de justiça, dizendo não a tudo que nos afasta da verdadeira VIDA em CRISTO.

Feliz Páscoa!!!

Feliz encontro com Deus e com o irmão.

Feliz encontro com Jesus ressuscitado presente no irmão.

 

Ir. Virgínia Matias Homem – Superiora Provincial


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