Participação no JUFRAN 2018


Feminismo no Carisma Franciscano

A Espiritualidade Franciscana é feminina por assumir a fraqueza e a vulnerabilidade humana.

 

De 28 de abri a 1º de maio, último passado, a Família Franciscana do Estado de São Paulo representada por trinta e cinco Junioristas entre Frades das três Ordens: (OFM, OFMCap, OFMConv) e Irmãs que bebem da Fonte Franciscana (Franciscanas do Coração de Maria, Franciscanas de Ingolstadt, Franciscanas de Nossa Senhora de Fátima e Franciscanas Alcantarinas, representadas por Irmã Rose, Irmã Jaiara e Irmã Rejane) e 4 formadores, vivenciaram e participaram do JUFRAN 2018 (Encontro de Junioristas Franciscanos).

Neste ano, o JUFRAN, aconteceu na cidade de São Pedro, no interior paulista, no Seminário Santo Antônio. Os Junioristas refletiram o tema: “Presença Feminina no Carisma Franciscano”, auxiliados pelo assessor Frei Antônio César Maciel Mota, OFMConv, Mestre em Teologia Espiritual pela Pontifícia Universidade Antonianum de Roma (Itália) e Formador dos Frades Junioristas de Santo André/SP.

Com a abordagem do tema Frei Antônio César, levou os junioristas a refletirem sobre o lugar de Maria Santíssima na espiritualidade seráfica, bem como a presença do feminino no seio do Franciscanismo desde suas origens fundacionais, antes mesmo da entrada de santas mulheres como Clara de Assis, In

ês de Praga e tantas outras.

Sendo um ser incompleto, o homem carece de relações pautadas no cuidado e na reciprocidade para sobreviver. Algo que apenas o feminino consegue oferecer e promover. No entanto, para se chegar a tal ponto, a sociedade ainda precisa renunciar a concepção de mundo hierárquico e machista procedente do “logos”, e adentrar no modo de vida firmado no feminino/relacional e no “sentimento”.

Algo que Francisco intuiu muito bem e ofereceu aos seus frades por meio da espiritualidade do cuidado, da atenção, e do relacional e terno amor à Santíssima Virgem. Elementos que comprovam-se nas Fontes Franciscana (Testamento; O beijo do leproso; Oração à Ssma. Virgem; Regras Bulada, não Bulada, para Eremitérios e Forma de vida para Santa Clara) onde pode-se conhecer melhor o grande “Projeto de São Francisco para Igreja”: implantar uma espiritualidade pautada no feminino – mais diretamente na experiência de cuidado maternal de Maria Ssma – onde o amor cristão se manifesta no modo de ser e agir de cada fiel. Com isto, a medida para se identificar a fé do seguidor de Cristo sairia do âmbito ético-moral e daria-se de forma clara, nas atitudes e gestos ternos entre cada um dos irmãos.

São Francisco encontra no crucifixo de São Damião, um Pai que o acolhe como Mãe. Apresenta na Regra para os Eremitérios (RE), o modelo feminino “Aqueles que querem viver religiosamente nos ermos […]. Dois deles sejam as mães e tenham pelo menos dois ou um filho.” E na Carta aos fiéis (CF2) é apresentado o projeto franciscano para a Igreja que tem como centro a forma de Maria, sendo o modelo para se atingir à meta, que é Nosso Senhor Jesus Cristo. Foi no fim de sua vida, diante da sua fragilidade ele escrever RE e CF2, onde se percebe a sua maturidade. Segundo Leonardo Boff (O rosto materno de Deus, pág. 36-37), quando falamos do feminismo buscamos as estruturas mais originárias do Ser Humano, momento em que nosso Pai Seráfico, diante de sua vulnerabilidade, percebe que não é possível pretender atingir à “Meta” sem uma mediação, a forma de Maria. A relação com Maria estreita a relação com seu Filho Jesus. Aqui sublinhamos que a espiritualidade franciscana é feminina por assumir a fraqueza e a vulnerabilidade humana.

   Somos seres incompletos, precisamos da nossa outra metade, feminina; podemos nos comparar como uma estrutura côncava, conforme foi apresentado pelo frei Antônio, que é a predisposição para acolher, porque há uma falta que será completada nas relações, “completai em mim a obra começada” (Cf. Sl 137,8). Esta falta nos ajuda a perceber a importância do outro e acolhê-lo como irmã, irmão, mãe. E as relações que se pautam no cuidado, que é próprio do Ser Humano e o acolhimento, que serão recíprocos quando me sentir acolhido. Porém é algo que apenas o feminino consegue oferecer e promover. A busca por esse tipo de relação pode livrar o ser humano de um problema muito comum na atualidade que é o des-com-forto, que quer dizer desprovimento da comunhão que fortalece, que é o amor oferecido gratuitamente por meio da relação.

 A questão do feminino do franciscanismo é mais do que a presença da mulher no movimento franciscano, porque é a dimensão mariana do seguimento faz parte do carisma originário de São Francisco de Assis, que nos convida a ser filha de Deus, mãe de Jesus e esposa do Espírito Santo. Devemos buscar Maria como modelo de serenidade, cuidadosa, silenciosa que ao mesmo tempo foi forte e solidária.

Na conclusão do encontro houve uma belíssima celebração Eucarística em memória a São José Operário, uma avaliação dos dias que vividos juntos, a eleição de nova chapa organizadora para o encontro próximo e um almoço celebrativo.


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