Encontrão da vida consagrada!


No dia 26 de maio Irmã Beatriz, Irmã Josefa e eu tivemos a alegria de participar do Encontrão da vida consagrada promovido pela CRB de Belo Horizonte. O dia de reflexão foi conduzido pelo Padre Jaldemir Vitório, sacerdote Jesuíta, que nos orientou com sua sabedoria num momento de partilha e troca de experiências e, de forma descontraída, com muitas risadas, falamos sobre a nossa vida e seus desafios e também suas riquezas. O encontro aconteceu na casa das Irmãs carmelitas no bairro Planalto e lá contamos com um número expressivo de religiosos e religiosas de inúmeras congregações, partilhando uma diversidade de carismas, experiências e gerações.

Com o tema “Formar-se é transfigurar-se”, falamos sobre a formação enquanto processo contínuo e permanente, uma consciência necessária a cada um de nós, para que vivamos em busca do projeto de Deus e deixemo-nos moldar por Ele como barro nas mãos do oleiro. Analisamos o perfil dos jovens que chegam hoje em nossas casas, buscando viver uma nova experiência e o compromisso do seguimento de Cristo de forma radical. A condução e acolhida necessária e a importância do testemunho. A vida religiosa vivida com autenticidade é o maior investimento de promoção vocacional. E ainda que estes jovens não tenham sido trabalhados em algumas características peculiares e necessárias à nossa forma de vida, o importante é que sejam “trabalháveis”, possibilitando o caminhar com a abertura e despojamento próprios da formação. Ainda sobre este assunto enfatizamos o cuidado essencial para que o jovem seja levado à maturidade e não à infantilização que os conduzirá à insegurança, dependência e distanciamento da realidade. Nossos irmãos e irmãs precisam assumir cada vez mais um perfil maduro, comprometido e convicto, ainda que estejamos inseridos numa nova sociedade onde tudo é efêmero e fugaz.

Com o foco na vida comunitária tratamos das dificuldades inerentes ao nosso estilo de vida e da importância de começarmos a mudança a partir de nós, de cada um de maneira pessoal, para darmos testemunho, primeiramente em nossas fraternidades às nossas coirmãs. Como nos parece difícil deixar-nos contagiar pelo bem e ser profeta nos atos ordinários, reconhecendo características positivas nas irmãs que convivem conosco. E parte disso é fruto de uma tradição e religiosidade de outrora, em que se enfatizava os aspectos negativos,  limites e imperfeições, acreditando na adesão de um caráter penitencial. Hoje, no cenário da vida consagrada existem pessoas que ainda fixam seus olhares e suas energias apenas naquilo que é negativo e pequeno. De fato, colhemos aquilo que um dia plantamos. Por vezes esquecemos que, em nossa origem está a graça divina e não o pecado. Faz-se necessário ter diante dos olhos o Deus de Jesus Cristo, cheio de amor e compaixão que nos convida a viver o dom da reconciliação e da caridade agraciados por Sua misericórdia que não tem fim.

Desta forma entendemos que somos responsáveis também por nossos irmãos e irmãs, por sua formação e transfiguração. Precisamos assumir em nossas comunidades o senso de corresponsabilidade para facilitar a convivência e promover a liberdade, o diálogo, a transparência e confiança. Como viver uma relação comunitária que possibilite ao meu coirmão(a) transfigurar-se? Como favorecer um ambiente formativo consciente de que somos todos formadores e formandos?

Na avaliação final percebemos o quanto ainda é difícil tocar em nossas feridas já que muitos de nós insistimos em fechar os olhos diante daquilo que nos incomoda, mas nada se cura sem remédio. Para que haja uma verdadeira cicatrização sadia, a vida consagrada precisa tratar as feridas existentes ainda hoje, além de suas causas e possíveis conseqüências. E, para isso temos a certeza de que Deus caminha conosco, nos acompanha de perto e nos ajuda em todos os momentos. Inúmeras são as riquezas da vida consagrada e também os seus desafios e, constantemente, o Espírito Santo sopra e orienta, nos conduz com sua luz e pede de nós coragem e dinamismo. Sigamos nesta certeza! Paz e Bem!


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