Vede como o Senhor agiu…


 

Minhas queridas irmãs e todos os irmãos que nos acompanham pelas mídias sociais, nós irmãs Franciscanas Alcantarinas estamos vivendo um tempo de graça, pois iniciamos os festejos para comemoração dos 150 anos de nossa fundação a realizar-se no próximo ano, dia 17 de setembro. “Vede como o Senhor agiu” através desta afirmação de nossa querida Madre Eugenia Catalano, queremos bendizer a Deus pelos inúmeros benefícios que realizou na história do nosso Instituto neste século e meio.

Por isso, este ano o Mês Alcantarino que, para nós, é este tempo forte em que voltamos o olhar com atenção para o nosso Carisma, será celebrado ainda com maior entusiasmo.  Assim, convido cada irmã para reacender e reviver o sonho de nossos santos fundadores e de nossas primeiras irmãs. O sonho da vida fraterna, o sonho de expandir nosso carisma e partilhá-lo com o mundo. Foi para isso, e por isso, que doze das nossas irmãs no ano de 1932 cruzaram o oceano e vieram com coragem e muito amor transbordar o Carisma Alcantarino em terras brasileiras.

O mundo espera que tenhamos o mesmo ardor, a mesma radicalidade, a mesma paixão que nossos fundadores tiveram. O carisma é sempre dinâmico, ele é histórico, se molda às necessidades do tempo. O carisma é serviço, é ministério. É graça, é dom, portanto, atualizar o carisma é buscar a melhor forma de se colocar a serviço da Igreja e do mundo. Quanto mais fiéis formos ao nosso carisma, mais eclesial nós seremos.

Nosso querido Papa Francisco na Homilia do dia mundial da vida consagrada-2018 nos lembra que “A juventude dum Instituto de vida consagrada encontra-se indo às raízes, ouvindo as pessoas anciãs. Não há futuro sem este encontro entre anciãos e jovens; não há crescimento sem raízes, e não há florescimento sem novos rebentos. Jamais profecia sem memória, jamais memória sem profecia; mas que sempre se encontrem!”.

Quem vive verdadeiramente o encontro com Jesus não permanece o mesmo, sua graça nos alcança e transforma. Somos transformados pelo amor misericordioso de Deus Pai, e ao mesmo tempo, purificados por este amor, transformamos a comunidade em que estamos inseridas. Esta é a beleza maior da vida fraterna, ninguém que ama a vida fraterna consegue ser indiferente ao irmão e a irmã que partilha esta mesma vida.

São Francisco é para nós este grande exemplo de quem valorizou o encontro com o irmão, com a natureza, com a vida em todas as suas expressões. Quando no encontro com o Sultão expressou sua coragem e seu olhar missionário. Toda guerra vem da não aceitação do diferente, toda guerra traz a morte, Francisco privilegia a vida. Para família franciscana o encontro com o Sultão significou um grande exemplo de diálogo religioso e político com o diferente.

Quando pensamos o encontro como testemunho e profecia realmente continuamos lembrando de Francisco, pois se a vida é a arte do encontro, Francisco foi um grande artista, soube fazer do encontro com o leproso (e demais leprosos), um grande chamado à conversão. Este encontro mudou o rumo da vida do jovem da cidade de Assis, o lugar de Francisco passa a ser outro, completamente diferente. Diante do desfigurado (leproso) ele se deparara com a figura do Crucificado, neste momento o pobrezinho de Assis se deixa transformar pelo seu amado.

No encontro com o leproso Francisco deixa seus sonhos de cavaleiro e assume o sonho de Deus.  A misericórdia levou-o a perceber que o leproso é maior que a sua lepra, que o homem é maior que seus limites e que o irmão e a irmã são maiores que seus pecados. Porque o amor devolve ao ser humano a sua dignidade, e o sacrifício o aproxima do amor misericordioso de Cristo. A misericórdia superara a indiferença e o egoísmo do seu coração. “Não haja no mundo irmão que pecar, o quanto puder pecar, que, após ter visto teus olhos, nunca se afaste sem a tua misericórdia…” (Carta a um Ministro-Fontes Franciscanas)

Celebrar o mês alcantarino significa voltar as nossas origens, celebrar nossos santos padroeiros, nossos fundadores, o aniversário de nossa fundação. Celebrar o dom do nosso carisma. Refletir sobre o mistério da cruz, vivido na alegria da ressurreição e na solidariedade com os crucificados (leprosos) do nosso tempo. Sem nos cansar de fazer o bem e de viver na nossa vida o mistério da cruz como nos pede o carisma que abraçamos. No seguimento a Jesus Cristo, pobre, casto e obediente. “Não, eu não me glorio de já ter alcançado a meta. Só faço uma coisa: esquecendo o que fica para trás, com todo o meu ser continuo correndo para a frente. ” (Fl 3,13)

 Finalizando esta reflexão lembro o compromisso de rezar pelo nosso XXII Capitulo Geral Ordinário, cujo temo nos lança rumo a profecia do encontro e ao desafio de uma espiritualidade ecológica. Estamos vivendo na Igreja o Sínodo pela Amazônia, momento propicio para buscarmos o que o Papa Francisco chama de «conversão ecológica, que comporta deixar emergir, nas relações com o mundo que nos rodeia, todas as consequências do encontro com Jesus. De fato, Viver a vocação de guardiões da obra de Deus não é algo de opcional nem um aspecto secundário da experiência cristã, mas parte essencial duma existência virtuosa» (Cf. Encíclica Laudato Si-217).

Boa continuação de mês alcantarino, boas festas, que nossos santos padroeiros e nossos santos fundadores nos ensinem o caminho rumo a profecia do encontro, saindo de nós mesmas ao encontro de todos aqueles que esperam o nosso olhar misericordioso.

Invoco sobre cada irmã e sobre todos que nos seguem pela página da internet a benção de Deus implorada pela nossa querida Madre Eugênia Catalano em seu testamento espiritual.

 “Abençoo a todas, todas, todas, todo Instituto, desejo abençoar a todas que vivem agora e também aquelas que virão depois.”

Deus em sua infinita misericórdia abençoe a todos. Que Nossa Senhora Aparecida olhe pelas necessidades de todo o povo brasileiro, por todos e todas indistintamente.

Fraternalmente,

Irmã Virginia Matias Homem – Custódia Provincial


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