Um amor ardente e apaixonado pela Sagrada Face


 

150 anos de fundação das Irmãs Franciscanas Alcantarinas

 17 de abril de 2020

Irmã Leonilde Caravella: um amor ardente e apaixonado pela Sagrada Face

 

Maria Luigia Caravella de batismo, Irmã Maria Leonilde de S. Pedro de Alcântara, de Profissão Rteligiosa, foi uma fúlgida estrela para Manoppello nos seus 42 anos de permanência ativa (1916-1958). Continuará a dispensar graças e bênçãos aos seus concidadãos e será um raio de luz e de esperança para Cerignola, sua terra natal.

Seu alimento espiritual foi um amor ardente e apaixonado pela Sagrada Face de Manoppello.

Seus pais, Giuseppe Caravella, e Maria Felice Comperchio casaram-se na Igreja paroquial de Nossa Senhora das Dores de Cerignola. O primeiro fruto desta união foi Maria Luigia, nascida no dia 05 de setembro de 1874. ( É interessante notar a coincidência do nascimento das Alcantarinas e o de Irmã Leonilde). Foi batizada no dia 07 de setembro na Igreja paroquial. Seu nascimento foi uma enorme alegria , pois dia 08 de setembro , festa da natividade da Virgem Maria é a grande festa da patrona da cidade de Cerignola , Maria SS.ma de Ripalta, venerada numa antiga ícone (sec. XII- XIII).

Em 1886, no coração da adolescente Maria Luigia estava nascendo algo grandioso, que marcará sua vida para sempre. Com 12 anos, orientada pelo seu pároco, deixa a casa paterna e os afetos mais queridos: os pais e os irmãos e entra na comunidade das Irmãs Terciárias Franciscanas Alcantarinas em Solopaca, na Província de Benevento. Em 1890, com 16 anos, entra oficialmente na Congregação em Castellammare di Stabia, na Casa Mãe “Santa Cruz”, no dia 19/10/1890 para o postulado.

Maria Luigia tem os dons necessários para a admissão, embora ainda lhe falte a idade e tenha só o curso primário. Seu caminho espiritual é já iniciado, acolhendo e fazendo sua a Regra Franciscana . No dia 16/07/1892, com 18 anos recebeu o hábito.

Em 1893, com 19 anos, é transferida para a casa de Tocco Casauria (PE), para “ajudar” no Jardim de Infância; ficará ali até 1899.

Outra etapa importante do seu caminho franciscano , cheio de humildade, é a Profissão temporária dos votos, feita ali mesmo, no dia 08 de dezembro de 1895, festa da Imaculada Conceição, protetora da Ordem Franciscana.

Em 1899 foi transferida para a Casa Mãe “S.Cruz”; de 1900 a 1903 estará no internato em Scafati – S.Pedro (SA); de 1903 a 1910 estará de novo em Tocco Casauria no Jardim de Infância. E é ali que se realiza o momento mais lindo de sua vida: a Profissão perpétua, dia 08 de dezembro de 1903 e torna-se Irmã Maria Leonilde de “S. Pedro de Alcântara”!

Em 1915 a vida espiritual de Sr. Leonilde foi profundamente marcada. Houve uma peregrinação ao Santuário da Sagrada Face de Manoppello e um grupo de Irmãs de várias fraternidades participaram, inclusive ela. Ficou tão fascinada ao contemplar a Sagrada imagem, que renunciou ao almoço, oferecido gentilmente pelos padres Capuchinhos do Santuário, dizendo que queria ficar ali fazendo companhia a Jesus. Quem sabe quais grandes riquezas de suprema inspiração o Senhor lhe concedeu e quantos dons celestes, quando tomou esta decisão. Sabemos que do seu coração enamorado brotou uma oração sublime: Senhor, quero ser tua humilde serva, fazei que nós, Alcantarinas, possamos exercer nossa missão nesta cidade, terra bendita e protegida pelo Seu olhar amoroso e que eu possa viver aqui sob o teu olhar para estar sempre próxima do Senhor”. A Face bendita de Cristo realizou seu desejo: no ano seguinte, 1916, Ir. Leonilde fundava o Jardim de Infância na cidade da Sagrada Face e ali permaneceu por 42 anos, tendo sido superiora local e também exercido diversos outros encargos educando tantas gerações de crianças, atraídas pela sua pessoa, suas palavras, seu exemplo. A casa onde funcionava o Jardim de Infância e que era também a casa das irmãs era muito pobre e, no entanto, era meta de peregrinação de numerosas pessoas de todas as classes sociais: religiosos, civis e muitos sacerdotes vinham pedir conselhos a esta humilde irmã. Conselhos sempre eficazes e positivos.

Irmã Leonilde era uma irmã muito dinâmica, tinha uma ótima saúde e estava sempre se ocupando em alguma coisa. Tinha somente o Curso Primário, lia pouco porque a vista não ajudava. Mas sabia o Evangelho maravilhosamente. Não só o sabia, mas o vivia; sua vida foi uma vida evangélica. As pessoas, quando a ouviam falar sentiam-se atraídas. Muitas vezes também os sacerdotes ficavam admirados, porque não só falava do Evangelho, mas aplicava para cada caso individual uma máxima evangélica apropriada. Sua frase preferida e que repetia a todos era: “Juizo final, vida eterna!”.

A correspondência que chegava todo dia era excepcional: pessoas que pediam graças, favores, curas. Ir. Leonilde respondia a todos, rezava por todos. De fato, muitas cartas estão conservadas no original para atestar que as graças desejadas foram concedidas pela Sagrada Face, por intercessão dela.

Quando estava mal, durante os últimos dias de vida, não conseguia repousar nem de dia, nem de noite e rezava sempre: “Seja feita a vontade de Deus”! Uma manhã, disse à irmã que a ajudava: “Escuta, a Sagrada Face mostrou-me esta noite, uma estrada estreita e difícil e disse-me que, se eu quero ir para o Paraiso, devo passar por ela; é a estrada do sofrimento e da dor”! A irmã que a acompanhava para comungar, conta que tinha o corpo tão quente que parecia ter febre e perguntava-lhe: Você está com febre? E ela sorrindo dizia: “Não, não tenho febre; sinto somente um fogo de amor, especialmente quando Cristo vem a mim, e por mais de uma hora depois da sua vinda, não tenho dores, não sinto nada, só me sinto bem”!

Nos 42 anos de permanência na casa de Manoppello tornou-se, para toda a comunidade, um fúlgido exemplo de vida franciscana, imagem viva de humildade, obediência e pobreza, como prescrito na Regra de S. Francisco e praticada por S. Pedro de Alcântara. Sua cela tinha somente o essencial: uma cama de ferro, um crucifixo na parede, um genuflexório, um armarinho e um quadro da Sagrada Face, “a coisa mais preciosa para ela, sua única riqueza”! era ali que Jesus se comprazia em manifestar-se à sua serva! A qualquer hora em que se entrasse, Irmã Leonilde estava rezando.

Naquele tempo, nossas Irmãs trabalhavam no Seminário de Molfetta. A superiora também ia em peregrinação com as irmãs e postulantes a Manoppello e pedia à Ir. Leonilde para rezar pelas postulantes, pela sua opção vocacional. Ela pedia às jovens que se ajoelhassem, colocava as mãos na cabeça de cada uma e rezava. Se a jovem era para a vida religiosa, depois de ter rezado, ela passava para a outra. Se a Sagrada Face lhe fazia compreender que existiam dificuldades, ela levantava imediatamente as mãos dizendo em voz alta: “Não”!

Com a idade, ficou quase cega e surda. A doença, o sofrimento e as privações fizeram-na curvar-se muitissimo! As virtudes que mais se distinguiam eram a oração, a caridade para com todos, espírito de sacrifício, aceitação de si, pois nunca se lamentava de suas condições físicas.

Nos últimos tempos de sua vida passava os dias em oração, interrompida somente pelas visitas de pessoas que pediam conselhos e orações à Sagrada Face, para os doentes ou por problemas de família. No dia 27 de outubro de 1958 começou a passar muito mal e, mais ou menos às 18 h, chegou Frei Justo, capuchinho do Santuário da Sagrada Face, dizendo que sentira uma necessidade urgente de ir à casa das Irmãs (não sabia que Ir. Leonilde estava morrendo). Com um sinal, ela pediu-lhe a benção e enquanto ele a abençoava, faleceu. O médico que a assistia e que constatou a morte disse: “Sou um homem de sorte, porque cuidei de uma santa!” E o Padre Justo acrescentou: “esta irmã viveu e morreu com a inocência batismal!” Irmã Leonilde, com um rosto sereno, partiu para viver e gozar do Face do Senhor que tanto amou em vida!

Algumas Narrações de graças obtidas por intercessão de Ir. Leonilde

Irmã Enrica de Candia:

No mês de novembro de 1968 eu estava com um grave problema renal e devia ser operada com urgência porque os rins estavam infectados com o bacilo de Koch. Quando me levavam para a sala operatória rezei ardentemente à Sagrada Face e pedi a Ir. Leonilde que rezasse por mim, porque a operação era difícil. Durante a operação tive uma parada cardíaca e depois dos cuidados médicos fui reanimada. Terminada a cirurgia fui para o quarto e depois de algum tempo comecei a passar mal e depois de muitos cuidados melhorei. De madrugada, vi ao pé da cama a Sagrada Face e Ir. Leonilde dizendo-me que tudo estava bem. Tenho certeza que foi a intercessão dela à Sagrada Face que me salvou. Agradeço ao Senhor por tudo o que fez por mim. Estes fatos que narro, me foram ditos pelo pessoal da enfermagem e por uma religiosa que estava no mesmo quarto.

Lucia Petaccia:

Quatro dias antes da tragédia da Mina de Marcinelle, na Bélgica, Irmã Leonilde chamou meu irmão Antonio e lhe disse que devia chamar meu sobrinho Otávio que trabalhava lá para voltar para a Itália, porque senão seria morto na mina. Meu irmão disse que não precisava chamá-lo porque ele já estava com a viagem marcada. Ir. Leonilde insistiu com meu irmão, mas ele não avisou o filho. Na manhã da tragédia (segundo uma testemunha ocular) meu sobrinho Otávio estava pronto para viajar, mas um colega de trabalho suplicou-lhe que o substituísse no turno e ele, embora não quisesse muito, aceitou de entrar na mina. Ir. Leonilde , nessa manhã, saiu do quarto muito triste e disse: “Otávio morreu!”. A notícia ainda não tinha sido publicada.

Capone Wanda:

Na Rua Santarelli morava a senhora Elvira Barbarossa, casada com Alfredo Capone. Alfredo estava trabalhando na África e foi chamado para o exército durante a 2ª. Guerra Mundial; foi preso e deportado para a Alemanha, onde ficou per sete anos. A mulher tinha que trabalhar para manter os filhos, todos pequenos, e deixava a menina menor com as Irmãs; só voltava à noite para buscá-la. Todos os dias ela, chorando, pedia a Ir. Leonilde para que intercedesse junto à Sagrada Face pelo marido, para saber se estava vivo e se voltaria. A Irmã , depois de ter rezado, respondia: “Elvira, Alfredo voltará, embora muito doente” e a senhora se tranquilizava um pouco. Isto durou por sete longos anos e todas as noites as mesmas perguntas e as mesmas respostas. Um dia realizou-se a profecia: Alfredo volta para casa para abraçar sua família e conhecer a caçula, Wanda, que não tinha ainda nascido quando ele foi chamado para a guerra. Estava realmente muito doente e depois de 03 anos faleceu. Testemunho verbal da filha que subscreve: Wanda Capone.

Irmã Michelina Filannino

Todo ano, o reitor do Seminário Regional de Molfetta, Mons. Corrado Ursi, fazia uma peregrinação ao Santuário da Sagrada Face de Manoppello com todos os seminaristas. Quando no grupo dos jovens existia algum problema ou dificuldades vocacionais, o reitor os fazia encontrar com ir. Leonilde para uma conversa pessoal. A irmã, depois de encontrar os jovens e ter rezado por eles, comunicava ao Reitor o que a Sagrada Face lhe havia manifestado. Muitas vezes, claramente, indicava o jovem ou os jovens cuja vocação não era para o sacerdócio ou sugeria de admitir ao sacerdócio jovens com pouco talento para os estudos, mas que tinham uma verdadeira vocação. Muitas vezes, acontecia que o que a Irmã comunicava ao Reitor estava em discordância com o Diretor espiritual, por isso os jovens continuavam seu caminho, mas depois da ordenação deixavam o ministério. A notícia era comunicada à Ir. Leonilde por carta.

Festa da Sagrada Face

Como já foi dito, Ir. Leonilde ia todos os dias ao Santuário. Nos últimos dois anos, impossibilitada pelas condições físicas, ela ficava na janela esperando a procissão que trazia o quadro da Sagrada Face do Santuário para a Paróquia. Chegando o dia da festa, o guardião da Comunidade dos Capuchinhos, Frei Gaudenzio Montenero, disse à Ir. Leonilde que não devia ficar na janela, e “não devia pedir à Sagrada Face que parasse”, dizendo que “a procissão este ano não deve parar”! No dia e na hora da procissão, o Guardião avisou aos que carregavam o quadro que não parassem diante da janela das Irmãs, mas continuassem direto para a Paróquia. Aconteceu um fato estranho: chegando embaixo da janela, o quadro ficou tão pesado (disseram os que o carregavam) que a procissão parou. O Padre ficou nervoso, repreendeu os que carregavam o quadro , deixou tudo e subiu até a casa das Irmãs para chamar a atenção de Ir. Leonilde, que respondeu: “Eu não fiz nada e não falei nada, mas a Face bela (assim se dirigia à Sagrada Face) quis que eu o visse”! Assim que o padre desceu a procissão continuou para a paróquia.

Momento de oração nas fraternidades:


↩ Voltar