Você é uma pessoa madura?


Nossa vida constitui-se de um contínuo processo. Desde o momento em que começamos a ser gerados, inicia-se um desenvolvimento incessante que só findará no dia MATURIDADE (1)de nossa morte. Viver é estar em processo de amadurecimento. De forma ampla, podemos dizer que amadurecer é crescer na capacidade de amar, ou seja, de ofertar-se.

Quando nascemos, temos necessidade completa de receber amor. Não somos capazes ainda de amar. Dependemos em tudo das pessoas adultas.  Na medida em que nos desenvolvemos, tornamo-nos aptos a fazer ofertas de amor sempre crescentes. Espera-se de um jovem que esteja pronto para uma boa medida de oblatividade, mas sabemos que ainda precisa receber bastante amor. Na vida adulta, uma pessoa madura torna-se capaz de dar mais do que receber. O amor recebido é um importantíssimo instrumento de amadurecimento humano. Mas vale lembrar que as vias pelas quais o amor nos alcança são as mais variadas. Mesmo que falte a experiência do amor no seio da família, ainda que faltem os amigos, mesmo que a história pessoal seja marcada por grandes sofrimentos e perdas, a ‘vida’ nos ama e sempre nos cerca de expressões de bondade e cuidado. Saber acolher o amor assim como ele nos visita é um modo de crescer em maturidade humana.

Vale a pena considerar que não há santidade sem maturidade, pois a síntese da santidade é o amor e ninguém pode amar verdadeiramente se não for maduro. Se desejamos ser santos, devemos nos dedicar intensamente ao amadurecimento de nossas potencialidades humanas.

Podemos elencar algumas destas potencialidades que consideramos muito importantes em um processo de amadurecimento. O primeiro é a inteligência. Capacidade que nos dá condição de analisar a realidade, interpretar e relacionar os fatos, julgar as circunstâncias a partir da verdade.

A caminhada escolar e acadêmica é muito valiosa para o desenvolvimento da inteligência, mas esta não depende exclusivamente do estudo. Outra potencialidade importantíssima é a vontade. A pessoa madura desenvolve uma vontade forte. É capaz de submeter-se, renunciar, perseverar nas decisões. Uma vontade fraca torna a personalidade vulnerável e desgovernada.  Os sentimentos são também muito importantes. Enchem a vida de cores variadas, mas são vulneráveis, afetam-se facilmente. A imaginação abre-nos para a criatividade. É uma potencialidade muito bem desenvolvida naqueles que trabalham com a arte, mas também precisa ser bem formada, pois como ensina Santa Teresa de Ávila, a imaginação é a ‘louca da casa’, capaz de distorcer a verdade e de nos afastar totalmente da realidade.

Podemos ainda citar as paixões, potencialidades dotadas de forte energia e que devem ser canalizadas para nossos ideais e valores mais elevados. Um bom exemplo é São Paulo.  Sua paixão pela verdade o conduziu primeiro a perseguir e matar os seguidores de Jesus, mas depois de ter sido encontrado pelo Mestre no caminho de Damasco, teve toda esta energia interior canalizada para anunciar o Nome de Jesus com vitalidade, coragem e entusiasmo.  Quando é deixada ‘sem governo’, uma paixão pode gerar grandes males.

Estas potencialidades devem desenvolver-se com harmonia e obedecendo a uma hierarquia. A fé deve iluminar nossa inteligência que por sua vez deve iluminar a vontade. É justamente a vontade orientada pela inteligência que deve guiar todo o conteúdo de nossa personalidade. Os sentimentos, a imaginação e as paixões devem estar submetidos a ela. Quando isto não acontece, podemos tomar decisões desarrazoadas, para não dizer irracionais. É o que acontece quando nos deixamos mover pela ira ou pela tristeza, por exemplo. Se paixões e sentimentos como estes orientam nosso agir, agiremos mal. É preciso deixar a vontade ser movida pela inteligência e não pelos afetos.

Amadurecer é uma escolha de amor. O processo de crescimento às vezes é muito doloroso e muitos são os que desistem.  É por isso que encontramos pessoas com muita idade e pouca maturidade. Mas, como estamos em processo, é sempre tempo de crescer. Façamos hoje esta escolha e peçamos a Deus a graça da humildade, pois temos um longo caminho a percorrer.

Ludmila Rocha Dorella – Formadora Geral da Comunidade e Vida


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