A Vocação Presbiteral


Olhando para a realidade atual, seguramente podemos nos perguntar qual seria o perfil ideal do presbítero para a Igreja de hoje. Responder a esta pergunta não é algo fácil diante da pluralidade que nos é apresentando pela sociedade atual.

Certamente o presbítero teve desde o inicio da Igreja um papel fundamental dentro de cada comunidade de fé.  Visto como pastor, por muitos anos era o centro gravitacional da comunidade que o seguia em todos os momentos. Tinha um poder sobre a vida de todos e participava ativamente da vida familiar de seus fiéis.

Na década de sessenta com o surgimento da Teologia da Libertação principalmente na América Latina surge um novo perfil do presbítero, agora preocupado com as questões sociais, saindo da estrutura da Igreja partindo para a realidade. Trazendo para dentro da Igreja questões pertinentes que dizem respeito de modo concreto com a vida da comunidade de seus seguidores. Junto a este sair, surge de modo forte e irrevogável a opção pelos pobres defendida pelo Documento de Medellin e Puebla.

No final do século e início do novo milênio surge e figura de um novo tipo de presbítero, que retorna para dentro das Igrejas afastando-se das questões sociais, preocupados com a Salvação das almas a ele confiadas, resgatando o ritualismo vazio de sentido, pois as realizam apenas por estarem prescritas nas rubricas, e as vestes sacerdotais há muito tempo abandonadas.

Passando por este breve relato perceber-se que atualmente estamos passando por um momento único, estamos buscando algo que caracterize a vocação presbiteral, que responda de modo claro como se deve viver o seguimento a Jesus Cristo como presbíteros dentro da Igreja.

O papel do presbítero dentro da sociedade e da comunidade é de fundamental importância. Vivemos em uma sociedade sedenta de modelos que necessita urgentemente de parâmetros para viver, de pessoas que apontem a direção para a construção de uma sociedade com valores cristãos e permanentes, que sejam testemunhas vivas da boa noticia por elas anunciada. Que não tenham medo de mostrar o quanto é gratificante viver dentro de uma realidade secularizada o seguimento do Cristo Libertador. Que sejam homens de contemplação, que tornam visível o invisível, o amor e a misericórdia de Deus.

Ser presbítero na sociedade atual é estar aberto ao desafio, ao diferente, pois se faz necessário a coragem de sair do comodismo, romper com certas estruturas arcaicas e medievais que não permitem a ação do Espírito de Deus. Ser presbítero é deixar o ouvido atento para escutar os gemidos do Espírito na realidade e buscar de modo desafiador novos caminhos que realmente nos possibilitem viver como pastores e servidores da comunidade, tendo como modelo o Cristo Servidor e Evangelizador.

padreilson* Pe. Ilson Luis Hübner, cm é Mestre em
Teologia Sistemática
e Diretor do Seminário Vicentino
de Filosofia Nossa Senhora das Graças. Curitiba – PR


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