“O eclipse do pecado se deve o eclipse de Deus”


Nosso Papa Bento XVI, na sua reflexão do 1° domingo da quaresma nos convida a refletirmos sobre a perda do sentido de pecado, que tem a sua origem no Eclipse de Deus. O ser humano quanto mais se afasta de seu criador, menos noção de pecado tem, em um mundo marcado pelo secularismo é fácil viver uma vida sem limites, onde tudo me é permitido em nome de uma “felicidade” momentânea, marcada pelo subjetivismo.

imgA5Bento XVI começa sua reflexão questionando-nos sobre qual o sentido da quaresma e o sentido da cruz? E nos responde: Porque o mal existe a quaresma e a cruz tem para nós sentido, o pecado que de acordo com as escrituras é a raiz de todo o mal. O mal entrou no mundo, devido à arrogância e prepotência do ser humano, de querer ser mais do que Deus. Se analisarmos o mundo em que estamos inseridos, percebemos a força do mal atuando, pelo fato de que a criatura se afastou de seu criador, negando assim sua condição de total dependência daquele que a criou.

A nossa sociedade eliminou Deus do horizonte do mundo, sendo assim não se pode falar de pecado, pois a concepção que temos de pecado está ligada à concepção que temos de Deus, se ele está fora de nossa vida, logo não existe pecado, só compreendemos o pecado redescobrindo o sentido que tem  Deus em nossas vidas e na história da humanidade.

Deus sendo amor, misericórdia, fidelidade não tolera o mal e convida a cada ser humano a se voltar para ele com todo o seu coração e alma, pois não deseja a morte do pecador, mas que ele se converta e viva. (cf. Ez 18, 23).

A escravidão mais severa e profunda é precisamente a do pecado, nos recorda o Papa. Por este motivo Deus enviou seu filho único ao mundo, assumindo assim nossa natureza humana menos o pecado, ele entra na história de seu povo e propõe um caminho inverso ao do pecado de volta para Deus, Jesus Cristo é este caminho que nos conduz ao Pai, levando o homem até Deus resgatando sua dignidade de criatura amada e querida, criada não para viver na sombra da morte e do pecado, mas viver em plenitude sua filiação Divina.

A Quaresma é este tempo de graça para nós, pois tem um sentido escatológico nos faz buscar aqui na terra uma vida plena, não ofuscada pelo pecado que nega ao homem sua condição de filho de Deus. Este período litúrgico que a Igreja vive e celebra, é um convite a um rompimento com a vida de pecado e um voltar-se para Deus, um rompimento com a escravidão e um sim a verdadeira liberdade que a filiação Divina nos dá. Para empreender seriamente o caminho rumo à Páscoa e nos prepararmos para celebrar a Ressurreição do Senhor o que pode nos ajudar, é nos deixar conduzir pela sua palavra, ela deve ser o centro de nossas reflexões, é na escuta atenta de sua palavra, na busca constante pelos sacramentos, principalmente o da penitência e da eucaristia, que vamos nos fortalecendo no combate contra as forças do mal, que nos leva a viver uma vida de pecado e de  ausência de Deus.

Que possamos nos empenhar na busca de uma autêntica vida de união com Cristo, para fazermos resplandecer em nós a luz maior que é Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, ele venceu a morte e o pecado e nos garantiu uma morada eterna, inaugurando assim para nós o céu.

ir beatrizIrmã Beatriz de Freitas Teixeira

é Franciscana Alcantarina,

Teóloga


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