Voltemos o nosso coração para o coração de Deus
Começamos um novo tempo litúrgico, a Quaresma. Esse tempo é um caminho, ou seja, uma via que conduz a um lugar determinado. Esse lugar é na verdade uma pessoa. Uma quaresma bem vivida nos leva até Jesus ressuscitado no Domingo de Páscoa. É preciso entender que Ele quer realmente entrar em nossas vidas e ser nosso amigo. Jesus quer com muita força que abramos de par em par as portas dos nossos corações para que Ele possa entrar e compartilhar conosco (Ap 3,20).
Como estamos entrando nesse tempo quaresmal?
A quaresma, como dizia o Papa Francisco, “é, sobretudo um tempo favorável de Graça” (2Cor 6, 2). Mas Graça para que? Justamente para que possamos crescer em amizade com Deus através dos meios que a Igreja propõe de jejum, caridade e oração. Esses meios não são sacrifícios que eu faço porque a Igreja me manda fazer, acredito que esse não seja a melhor maneira de enfocar a questão. São atitudes que ajudam a que cada um se aproxime mais de Deus, morrendo a alguns hábitos que nos afastam dele.
O Papa chama a atenção, em sua mensagem para essa quaresma, para o que ele chamou de globalização da indiferença, “um dos desafios mais urgentes” que ele encontra no mundo de hoje. Essa indiferença para com Deus impede a conversão interior que traz as respostas para as questões mais profundas do homem. Por isso a quaresma é um tempo tão especial. É um tempo na qual somos convidados de maneira especial a romper essa indiferença para com Deus e entrar na amizade com Ele. Uma vez participantes dessa amizade divina, todas as outras indiferenças vão caindo pouco a pouco, porque aprendemos a amar com o mesmo amor de Deus.
Como estamos entrando nesse tempo quaresmal? Quais são as minhas disposições interiores ao começar esse tempo de Graça? Estou afastado de Deus? Estou buscando respostas para a minha própria vida? Deixei que a desesperança se apodere do meu coração e que a indiferença ganhe espaço? Todas essas são perguntas que podem nos ajudar a encontrar a verdadeira disposição interior para caminhar bem esse caminho rumo à Páscoa.
“A quaresma é um tempo para provar de maneira especial a Verdade que é Cristo e ver se Ele realmente pode me fazer feliz”.
Talvez tenhamos na mente a ideia de que nesse tempo precisamos servir a Deus de maneira especial. Mas o Papa propõe justamente o contrário. A Quaresma é um tempo para deixar-se servir por Deus de maneira particular. Como assim? Tomando a passagem de Lava-pés, da Quinta Feira Santa, o Papa explica que Jesus quer que nesse tempo deixemos que ele lave nossos pés, por meio da escuta da Palavra de Deus, da participação nos sacramentos, especialmente na Eucaristia e na Confissão. Em todos esses momentos, não somos nós que estamos fazendo um favor a Deus, liberando um espaço para Ele nos nossos dias, mas é Ele que sai ao nosso encontro e nos reveste de sua misericórdia. Deixemo-nos servir por Deus, para que também tenhamos parte com Ele.
Sobretudo pede o papa uma conversão de coração. “Fac cor nostrum secundum cor tuum” (Fazei o nosso coração semelhante ao vosso). É essa a transformação que Deus espera de nós nesse tempo. Que voltemos uma vez mais o nosso coração para o coração de Deus. Essa é a única maneira de realmente vencer a indiferença global que experimentamos hoje no mundo. Essa é a única maneira de encontrar realmente as respostas que nossos corações tanto desejam. Existe uma frase que diz o seguinte: “Já tentamos de tudo nessa vida, porque não provar a Verdade?” A quaresma é um tempo para provar de maneira especial a Verdade que é Cristo e ver se Ele realmente pode me fazer feliz.
Se a quaresma é um caminho até Jesus Ressuscitado, Maria é uma demarcação no chão que nos impede de desviar-nos em algumas curvas difíceis do trajeto. Maria é o caminho mais rápido até o profundo do coração de Jesus. Se caminharmos com ela, podemos ter a certeza de que vamos por bom caminho. Ela faz todo o caminho mais suave com seu amor de Mãe. Entremos nesse caminho quaresmal de conversão tomado pelas mãos carinhosas de nossa mãe. Ela sabe, melhor do que ninguém, do que precisamos para romper a indiferença que muitas vezes se aloja em nossos corações. Confiemos a ela todo esse caminho e esperemos junto a ela o dia feliz da Ressurreição.
Ir. João Antônio Johas Leão
Fonte: a12.com
Quaresma: Tempo de buscar o essencial
A quaresma é tempo de enfrentar com Jesus as grandes tentações que estão na raiz de todos os males nascidos das decisões humanas. É tempo de conversão, conversão profunda que mude os costumes e gere políticas globais de defesa da vida em todas suas dimensões. É tempo de oração e de tomada de posição diante de uma cultura em que o consumismo desenfreado sustenta a ganância de um lucro que, em longo prazo, se transformará em irreparável prejuízo para toda humanidade.
O tempo quaresmal é positivamente um tempo de concentração e de busca do essencial. Tantas vezes no correr do ano as coisas urgentes furam a fila e se colocam à frente daquelas que são essenciais. A Quaresma nos convida a voltar a Deus, a vencer a tendência à fragmentação, a verter todas as energias ao único objetivo realmente decisivo: construir relações fraternas e uma sociedade justa, comprometer-se responsavelmente com um estilo de vida simples, solidário e sustentável.
Assim, o essencial da espiritualidade quaresmal não é fazer penitência para reparar os abusos que teriam sido cometidos do revelion ao carnaval, mas exercitar a convergência da mente, do coração e das mãos na intensa e exigente tarefa de refazer as relações humanas, de superar os estreitos horizontes dos interesses mesquinhos e imediatos e de elevar o olhar para o amplo horizonte de um sonho de bem viver, em harmonia com todos os seres, inclusive com as inevitáveis doenças e com a morte.
Dessa forma, convidamos a todos, cristãos e pessoas de boa vontade, a se empenharem na oração e na reflexão para que esta quaresma e a Campanha da Fraternidade produzam os efeitos de conversão que dela esperamos.
Quaresma: Tempo privilegiado de…
Tempo privilegiado de conversão, de combate espiritual, de jejum medicinal e caritati vo, a Quaresma é, sobretudo tempo de escuta da Palavra de Deus, de uma catequese mais aprofundada, que recorda aos cristãos os grandes temas batismais, em preparação para a Páscoa. Batizados na morte e ressurreição de Cristo, devemos viver como verdadeiros discípulos-missionários ressuscitados, na obediência filial ao Pai.
No Tempo da Quaresma, o povo de Deus empreende um esforço exigente, porém libertador, que deve abri-lo ao chamado do Senhor e da comunidade cristã. Privando-se do alimento terreno, nas múltiplas formas que se lhe apresenta, aprenderá saborear, acima de tudo, o Pão da Palavra de Deus e da Eucaristia, e melhor sentirá o dever de dividir os bens com os outros.
A quaresma é tempo de enfrentar com Jesus as grandes tentações que estão na raiz de todos os males nascidos das decisões humanas. É tempo de conversão, conversão profunda que mude os costumes e gere políticas globais de defesa da vida em todas suas dimensões. É tempo de oração e de tomada de posição diante de uma cultura em que o consumismo desenfreado sustenta a ganância de um lucro que, em longo prazo, se transformará em irreparável prejuízo para toda humanidade.
O Concílio Vaticano II recomenda que “a penitência quaresmal não seja só interna ou individual, mas sobretudo externa e social” (SC110)
Celebrar a Eucaristia no tempo da quaresma significa: percorrer, juntamente com Cristo, o itinerário da provação que pertence à Igreja e a cada pessoa; assumir mais decididamente a obediência filial ao Pai e o dom de si aos irmãos, que constituem o sacrifício espiritual.
Assim, renovando os compromissos do nosso Batismo na noite pascal, poderemos “fazer a passagem” para a vida nova de Jesus – Senhor ressuscitado, para a glória do Pai, na unidade do Espírito.
Dessa forma, convidamos a todos, cristãos e pessoas de boa vontade, a se empenharem na oração e na reflexão para que esta quaresma e a Campanha da Fraternidade produzam os efeitos de conversão que dela esperamos.
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