Advento: tempo de amar como Jesus amou


Muitos de nós, por muitos anos, escutamos nosso querido Padre Zezinho (SCJ) cantar “amar como Jesus amou” pensar, sonhar, agir como Jesus, como seria bom se “ao chegar o fim do dia” pudéssemos dormir tranquilos por que buscamos viver como Cristo viveu durante aquele dia. Refletindo sobre este tempo forte do advento percebo a importância de abrir o coração e atualizar em nossa vida o mistério de amor e oblação vividos por Jesus Cristo.

Buscar sentir como Jesus sentiu, “de sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens” (Fl 2,5-7). Somente assim vamos conseguir viver bem este advento, esperando contra toda esperança, vivendo a misericórdia, a compaixão, o amor incondicional pelo irmão que está ao nosso lado.

Este ano refletimos na formação sobre o sacramento da Eucaristia, Cristo é nosso alimento, e se diariamente nos nutrimos deste alimento salutar, com certeza, teremos em Jesus a força para viver de modo a amar como Ele amou e a viver como Ele viveu. Dispostos a dar cada dia um pouco da nossa vida em favor do Reino.

Advento é tempo de espera, mas uma espera com confiança, pois todos nós que temos em Jesus Cristo a nossa esperança não podemos deixar de ser portadores de esperanças num mundo onde o desespero e o sofrimento faz parte do cotidiano de tantas pessoas, num mundo onde a violência se tornou uma realidade que as crianças conhecem desde muito pequenas.

Só vamos conseguir amar como Jesus amou quando vivermos as pequenas esperanças do dia a dia, sendo portadores desta esperança para todos aqueles que encontrarmos no nosso caminho. Como nos dizia nosso saudoso Paulo Freire, é preciso esperançar e não esperar, esperançar para Paulo Freire era colocar a esperança em ação, ou seja: “Esperançar é ir atrás, é se juntar, é não desistir. É ser capaz de recusar aquilo que apodrece a nossa capacidade de integridade e a nossa fé ativa nas obras. Esperança é a capacidade de olhar e reagir àquilo que parece não ter saída. Por isso, é muito diferente de esperar; temos mesmo é de esperançar!” (Paulo Freire).

Não deixemos que os acontecimentos difíceis da nossa vida, ou da sociedade que está ao nosso redor nos façam perder a capacidade de “esperançar”, não deixemos de colocar em Deus toda nossa esperança por que é ELE quem cuida de nós.

Aproveitemos o advento, este tempo litúrgico especial que estamos iniciando, para nos dedicarmos com afinco à vida de oração. Lembrando que a leitura orante deste tempo forte nos coloca em contato com as profecias de salvação do Antigo Testamento e com a expectativa que os cristãos da Igreja primitiva tinham na segunda vinda do Senhor. Como no diz São Paulo: “Porque, qual é a nossa esperança, ou gozo, ou coroa de glória? Porventura não o sois vós também diante de nosso Senhor Jesus Cristo em sua vinda?” (1Ts 2,19).

Façamos deste tempo um tempo de espera ativa, um tempo de conversão verdadeira, de mudança de vida. Um tempo de esperança em movimento, uma esperança dinâmica que nos faz sair da nossa realidade e alcançar o coração dos nossos irmãos, especialmente àqueles que estão fechados para o amor de Jesus.

Neste advento sejamos missionários da esperança, levando o amor misericordioso de Jesus a todos aqueles que estão sem esperança, sofridos e maltratados por uma sociedade que não se preocupa com a vida em sua plenitude. Não precisamos ir longe para levar a esperança cristã para pessoas que apenas esperam um amanhã melhor, mas não conhecem a razão da nossa esperança que é Jesus Cristo. Nas nossas casas, na nossa Obra Apostólica, na sala ao lado existe alguém esperando por uma palavra de consolo, uma palavra de esperança.

Sejamos uma Igreja em saída, como nos exorta nosso querido Papa Francisco, uma Igreja em saída capaz de sair de si mesma para ir ao encontro do irmão que precisa, “todos somos chamados a esta nova «saída» missionária. Cada cristão e cada comunidade há de discernir qual é o caminho que o Senhor lhe pede, mas todos somos convidados a aceitar este chamado: sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho. (Exortação Apostólica Evangelii Gaudium do Papa Francisco)

Neste advento convido cada uma das irmãs e cada um de vocês nossos amigos, que nos acompanham pelo portal a trazer Nossa Senhora Aparecida, Mãe de Deus, para caminhar conosco. Que Ela seja sempre o modelo dos que esperam a vinda do Senhor, dos que esperam com confiança, N’Aquele que é a nossa esperança, Jesus Cristo.

Irmã Virginia Matias Homem – Superiora Provincial


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