Vivência do mês Alcantarino…
Vivência do mês Alcantarino…
Para sermos mulheres segundo coração de DEUS.
Nós Irmãs Franciscanas Alcantarinas da Província Nossa Senhora Aparecida, há muitos anos, celebramos as festas de nossos santos patronos e de nossos Fundadores de modo mais intenso e criativo através do que chamamos MÊS ALCANTARINO, na verdade é um pouco mais de um mês, abrange o período que vai da festa da exaltação da santa cruz, dia 14 de setembro até 22 de outubro dia do aniversário de morte de nosso fundador.
Iniciamos com a festa da Exaltação da cruz no dia 14 de setembro, trazendo presente nosso carisma que se expressa através da vivência do mistério de Cristo Crucificado expresso na alegria esperançosa da ressurreição. Como bem nos recorda o Papa Francisco: “Através da Cruz de Cristo, se venceu o mal, a morte foi derrotada, a vida nos foi doada e a esperança restituída. A Cruz de Jesus é nossa única e verdadeira esperança!”
Assim, para nós Irmãs Franciscanas Alcantarinas, acolher com amor o sofrimento, vivenciar os sacrifícios apresentados no cotidiano da nossa vida, aprender a carregar a cruz significa viver as consequências de uma vida coerente com o projeto do Pai manifestada em Jesus Cristo. O discípulo tem que andar nas pegadas do seu mestre: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e me siga” (Lc 9, 23). Nós escolhemos viver na radicalidade este convite de Jesus, consagrando a nossa vida e expressando esta consagração através de um carisma dentro da Igreja.
No dia da festa dos Estigmas de São Francisco, 17 de setembro este grande santo nos ensina que ao receber as marcas das chagas de Cristo, acolhe em seu corpo a expressão do seu amor, pois o amor imprime marcas em nosso corpo e em nossa alma, basta que nos deixemos tocar. E, foi neste dia especial da festa dos estigmas que há 148 anos teve inicio o sonho de nosso fundador Dom Vincenzo Gargiulo, de Madre Inês da Imaculada e de nossas primeiras irmãs. Assim no dia 17 de setembro de 1870 nasceu o Instituto das pobres filhas de São Pedro de Alcântara, hoje denominado Irmãs Franciscanas Alcantarinas.
E o mês Alcantarino continua… No dia 04 de outubro celebramos com alegria a festa do pobrezinho de Assis, São Francisco, assumimos a espiritualidade deste grande santo, pois para nós franciscanas refletir sobre o mistério da cruz nos reporta a espiritualidade de São Francisco, para ele a misericórdia significava perceber que o leproso é maior que a sua lepra; que o homem é maior que seus limites e que o irmão e a irmã são maiores, muito maiores que seus pecados; porque o amor devolve ao ser humano a sua dignidade e o sacrifício vivido e acolhido como oferenda de amor nos aproxima do amor misericordioso de Cristo. “Sede misericordiosos como vosso Pai celeste é misericordioso” (Lc 6, 36). “Não haja no mundo irmão que pecar, o quanto puder pecar, que, após ter visto teus olhos, nunca se afaste sem a tua misericórdia…” (Carta a um Ministro; Fontes Franciscanas). Por isso, como franciscanas Alcantarinas, buscamos viver todos os dias a prática da misericórdia, acolhendo todo sacrifício como oferenda agradável a Deus.
Numa ocasião, Frei Masseo perguntou a Francisco: “´Por que todo o mundo anda atrás de ti (…)? Não és homem belo de corpo, não és de grande ciência, não és nobre: donde vem, pois, que todo o mundo anda atrás de ti?´ E São Francisco disse: `Isto recebi dos olhos de Deus altíssimo, os quais não encontraram entre os pecadores nenhum mais vil nem mais insuficiente, nem maior pecador do que eu…´” (Fioretti 10). Com este exemplo da vida de São Francisco percebemos o quanto é importante a humildade e o reconhecimento de nossa pequenez e minoridade.
Em nome da fraternidade, o franciscano(a) não pode perder a esperança de recuperar o irmão, não pode perder o sentimento de misericórdia. Deus não se cansa de perdoar, Francisco compreendeu o carinho do Senhor e usou de misericórdia com cada irmão. A experiência de fraternidade nos permite viver a capacidade misericordiosa de perdoar e sermos perdoados. O maior desejo de Francisco era tornar o mundo mais fraterno ou reinventar o mundo, a partir da vivência de fraternidade, como franciscanas e alcantarinas nosso desejo não pode ser diferente, devemos nos reinventar a cada amanhecer para fazer acontecer a vida fraterna, mesmo diante das adversidades.
A respeito da fraternidade e da misericórdia nosso querido Papa Francisco lembra bem que a “misericórdia é o caminho que une Deus e o homem, porque nos abre o coração à esperança de sermos amados para sempre, apesar da limitação do nosso pecado.”(Bula Misericordiae Vultus). Diz ainda que: “Deus nunca Se cansa de nos perdoar; nunca! mas nós às vezes cansamo-nos de pedir perdão. Não nos cansemos jamais, nunca nos cansemos!”.
Como consagrados e consagradas vivemos a espiritualidade de São Francisco, por isso não podemos permitir que a impaciência, a falta de perdão, a intolerância nos impeçam de praticar a misericórdia. Fomos chamados por Cristo a construir fraternidade, e a fraternidade é o lugar da caridade, da misericórdia e do amor.
Quando refletimos sobre misericórdia e amor não podemos deixar de falar de Maria, nossa Especialíssima Mãe, Nossa Senhora Aparecida, padroeira da nossa Província. Sua festa, é claro, também está dentro do nosso Mês Alcantarino. No dia 12 de outubro celebramos no BRASIL a padroeira de nossa Pátria, a padroeira da nossa Província. Maria soube estar em pé aos pés da cruz. Soube viver o sofrimento e a dor como oferenda de amor ao Pai. Sempre atenta às necessidades dos seus filhos, se antecipava no amor, na misericórdia e no serviço fraterno, como fez com sua prima Isabel, ou nas bodas de Caná.
No dia 16 de outubro celebramos a entrada de nossa querida Madre Eugênia Catalano no céu. Ao celebrarmos este dia recordamos a força e a coragem desta mulher que juntamente com outras seis irmãs enfrentaram as dificuldades de uma missão totalmente desconhecida, em terras estranhas, longe da pátria e da família, sem saber a língua, mas falando com desenvoltura a língua do amor, da caridade, da misericórdia e do sacrifício. Mulheres de oração de penitência e de fraternidade. MADRE EUGENIA CATALANO, UMA MULHER SEGUNDO O CORAÇÃO DE DEUS.
O tempo corre depressa e o mês avança, e no dia 19 de outubro celebramos São Pedro de Alcântara, celebramos o exemplo de oração, penitência e sacrifício. Um homem segundo o coração de Deus.
No dia 22 de outubro encerramos este mês tão cheio de alegria e tão rico de espiritualidade, com a celebração da morte do nosso fundador, Padre Vincenzo Gargiulo. Dom Gargiulo ousou e fez nascer nosso Instituto, foi um homem de muita fé, coragem, determinação e misericórdia, seu jeito austero não privou nossas primeiras irmãs de sua misericórdia e paterna afeição. “Já transcorreram 24 anos desde que teve início o nosso pobre Instituto Alcantarino, e não nos tem faltado a misericórdia de Deus” (Dom Vicente Gargiulo, c.c.11/1894).
Hoje, com a mesma certeza podemos afirmar: 148 anos se passaram e a infinita misericórdia de Deus nunca nos faltou, assim como sua divina providência.
Procuremos viver com muito amor, criatividade, espírito fraterno e oração este MÊS ALCANTARINO, vivenciando cada festa, cada oportunidade como um presente de DEUS para sermos pessoas segundo Seu coração misericordioso.
Meu abraço fraterno na Paz e no bem!
Irmã Virgínia Matias Homem – Superiora Provincial