Solenidade de Pentecostes


“Não, não tenhais medo! Antes, procurai abrir, melhor, escancarar as portas a Cristo!”.

São João Paulo II)

 Neste domingo em que celebramos a grande Solenidade de Pentecostes temos nas palavras do nosso saudoso e querido Papa São João Paulo II um convite, lembrando-nos de que o evento acontecido no cenáculo, no pede justamente que escancaremos as portas para que Cristo possa entrar em nossa vida e, sobretudo, em nosso coração. Não nos esqueçamos, contudo, que temos grande missão de ajudar as pessoas que nos foram confiadas pelo apostolado a abrir o coração para que Cristo possa entrar, e se preciso for encontrar formas criativas de fazer com que estas pessoas escancarem as portas dos seus coração para Cristo, especialmente os jovens.

Para cumprir esta missão de levar Cristo aos jovens e ajudá-los a abrir-se para Cristo, contemplar a experiência dos Apóstolos e Maria reunidos em oração no Cenáculo pode nos ajudar muito. Precisamos fazer da nossa vida um novo Cenáculo, onde os sinais da vitória de Cristo Ressuscitado nos estimulam a repensar profundamente a nossa missão apostólica e a rever nossa fidelidade ao chamado de Cristo, bem como, a rever nossa audácia, coragem e ousadia no testemunho do Reino.

Ao mesmo tempo, é preciso lembrar que do Cenáculo, devemos sair pelas estradas do mundo, com a tarefa sempre nova de dar testemunho do mistério do Espírito. Como Maria e os apóstolos reunidos em oração, também nós devemos buscar na oração as luzes do Espírito Santo para viver com fidelidade e audácia o nosso carisma fundacional, que nada mais é do que a resposta deste mesmo Espírito às primeiras doze irmãs que, com Pe. Vicente Gargiulo buscavam cumprir a sua missão naquele deterninado contexto histórico, social e eclesial. Maria, nossa mãe especialíssima, grande tabernáculo do Espírito Santo, é o modelo para sermos templos vivos do Espírito e testemunhas incansáveis do Evangelho, testemunhando nosso carisma com todo ardor e audácia, com a certeza de que, quem dá vida ao carisma dentro da Igreja e no mundo é o próprio Espirito Santo.

Em qualquer lugar que estejamos, em qualquer frente de missão apostólica não podemos perder o Espirito evangélico e a coragem que moveu os nossos santos fundadores. Somos seres criativos. Deus nos criou como criaturas, portanto finitas e limitadas, e justamente por causa desta nossa criatividade, devemos buscar, incansavelmente, novas formas de superar estes limites, enfrentando-os dia por dia, permanecendo, como Maria, em pé diante do sofrimento e a cruz, uma vez que “é o Espírito que nos faz ressurgir dos nossos limites, das nossas mortes, porque nós temos muitas, muitas necroses na nossa vida, na alma”.(Papa Francisco)

Inspiradas pelas palavras do nosso santo fundador, Pe. Vincenzo Gargiulo, devemos viver segundo o Espírito, dóceis às Suas inspirações. “E, porque o Espírito de Jesus Cristo é espírito de doçura, de humildade, de abnegação e de mortificação, as Irmãs devem, com todo empenho trabalhar para adquiri-lo seja com o contínuo e nunca interrompido exercício dos atos de virtude correspondente, seja com a meditação cotidiana, especialmente sobre a Paixão de Jesus Cristo Nosso Senhor; como diz nosso Pai São Pedro de Alcântara, não se pode encontrar outro tesouro tão rico e tão pleno de bens.” (Const. 1874, art.4)

Perguntemo-nos o que o Espirito está nos dizendo hoje, no aqui e agora do meu existir? E…, com gratuidade, criemos a capacidade de responder a estas moções e ao amor criativo e sempre novo de Deus. Peçamos a esse mesmo Espírito, a capacidade de captar os anseios de nosso tempo e dar uma resposta encarnada, a Sua sabedoria para que nos inspire e nos mostre a sua vontade: “A sabedoria que está convosco em vosso trono” (Sb 9,4); a sabedoria de Deus está presente em todos os momentos da nossa vida, pois ela é a força que nos vivifica; esta sabedoria que “é um espirito amigo do ser humano” (Sb 1,6). E, como nos diz o Fundador, “implorar, e com inefável paciência esperar o dom desta sabedoria é uma virtude que devemos constantemente buscar.

Nosso querido Papa Francisco em uma de suas homilias sobre o Espírito Santo nos diz que o Espírito é o protagonista da vida cristã. O Espírito Santo, que está em nós, nos acompanha, nos transforma, vence conosco. “Recebam o Espírito Santo” disse Jesus aos apóstolos; Ele será o companheiro de vida, de vida cristã.  Portanto, não pode existir uma vida cristã sem o Espírito Santo, que é “o companheiro de todos os dias”, dom do Pai, dom de Jesus. E o Papa Francisco continua sua reflexão aconselhando que “peçamos ao Senhor que nos dê esta consciência de que não se pode ser cristão sem caminhar com o Espírito Santo, sem agir com o Espírito Santo, sem deixar que o Espírito Santo seja o protagonista da nossa vida”.

O Espirito Santo não se cansa de ser criativo, não se cansa de nos surpreender com sua proteção e com seus dons.  Nestes tempos difíceis pelos quais estamos passando é o momento de pedir ao Espírito consolador que nos ensine a consolar todos aqueles que precisam do nosso consolo e apoio, aqueles que estão sofrendo as consequências mais duras desta pandemia, perdendo entes queridos, perdendo sua própria saúde, e tantas outras consequências sociais e econômicas que assolam o nosso povo. E, então eu me pergunto: que mistério tão grande é este que Jesus nos deu de presente enviando o Paráclito, o Conselheiro, que mistério tão grande fez com que Jesus subisse ao Pai, mas não nos deixasse sozinhos? Nos deixou o seu Espirito, nos presenteou com este grande dom.

Para refletir sobre este mistério faço minhas as palavras do nosso querido São João Paulo II.“Eis-nos no centro do mistério! É no encontro entre o Espírito Santo e o espírito do homem que se situa o coração mesmo da experiência vivida pelos Apóstolos no Pentecostes. Esta experiência extraordinária está presente na Igreja, nascida daquele evento, e acompanha-a no decurso dos séculos. ” (São João Paulo II)

Ao refletirmos estas palavras entendemos que a Igreja, nascida no evento de Pentecostes, possui em sua essência este mistério maravilhoso do encontro do Espírito Santo com o homem e deste encontro nascem os carismas e os serviços que enriquecem nossa Igreja e transformam o mundo. Assim sendo, o papel da Igreja no período pós-pandemia será outro, o mundo será outro, porque tudo está se transformando: as relações humanas e as relações do própio ecossistema. Isso é fato. Não podemos permanecer estáticos. É a “Recriação” da nossa Casa Comum.

Esperamos que a solidariedade e a esperança sejam a grande lição que aprenderemos destes tempos de pandemia, para construir este novo mundo, depois dela. Por esta razão, este é o momento de nos perguntarmos: PARA ONDE O ESPIRITO QUER QUE ANDEMOS?, ou seja, o que o Espirito Santo nos inspira a fazer nestes novos tempos? Como devemos ouvir o que Ele nos pede? São tempos para pedir o dom da docilidade, da paciência…do amor… da generosidade… do cuidado… da sabedoria.

Estamos em um Novo Tempo! É o Novo Kairós (Tempo de Deus)! Aproveitemo-lo para intensificar nossas orações e pedir ao Espírito Santo que ilumine nossos governantes, os conduza e os ensine a buscar o bem comum, pois, tudo o que esperamos das autoridades em tempo de pandemia é que se coloquem a serviço do bem comum, servindo a Nação com justiça e equidade. Mas também é o tempo de nos perguntarmos: o que cada um de nós pode fazer pelo País, marcado pela realidade avassaladora desta pandemia? Só temos uma certeza: todos somos chamados e chamadas a contribuir para que o mundo durante e pós pandemia seja marcado pela ESPERANÇA e luta pela VIDA, e vida em abundância. Uma luta para estabelecer relações de igualdade, respeito e solidariedade, combatendo todo tipo de abuso ou desrespeito ao direito fundamental a VIDA e vida digna.

Nesta luta pela vida, me uno a todos os irmãos e irmãs que nos acompanham pelas mídias sociais para que nesta Solenidade de Pentecostes, elevemos a Deus nossas preces implorando as luzes e os dons do Espírito Santo  e todos os seus frutos – “caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança” (Gl 5, 22-23) – para que possamos ser fortes neste momento delicado e difícil que a humanidade está passando o COVID-19(Coronavirus).

Abramos nossas mentes e corações para a ação do Espírito Santo, para que nos santifique e nos faça testemunhas de Cristo no mundo em que vivemos. Escancaremos as portas do nosso coração para CRISTO e para o Seu Espirito.

Concluo, fazendo minhas as palavras de Madre Maria Francisca da Assunção, implorando sobre cada pessoa que ler estas palavras as bênçãos de Maria e os dons efusivos do Espírito Santo.

A todos que, juntamente com cada Irmã Franciscana Alcantarina, abraçaram a missão de levar a PAZ e o BEM a todos os cantos da terra desejo uma fecunda Solenidade de Pentecostes. Que o Espirito Santo os ilumine.

Irmã Virgínia Matias Homem – Custódia Provincial


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