Maternidade, ternura, vigor, renovação e dinamismo


 

150 anos de fundação das Irmãs Franciscanas Alcantarinas

 17 de junho de 2020:

 

Me. Giovanna Achille: maternidade, ternura, vigor, renovação e dinamismo

Irmã Giovanna Achille, no batismo recebeu o nome de Anna Teresa, nasceu em Bitonto (BA) em 06 de outubro de 1928, filha de Nicola e Anna Primavera. Ela recebeu o sacramento do batismo na Igreja de “S. Catarina, Virgem e mártir “em sua cidade dia 8 de outubro de 1928 e no mesmo local recebeu a confirmação em 23 de abril de 1939.

A entrada do postulado ocorreu em 18 de outubro de 1945; o início do noviciado em 06 de dezembro de 1945. Ela fez sua profissão temporária em 08 de dezembro de 1947 e consagrou definitivamente sua vida ao Senhor em 08 de dezembro de 1952.

O primeiro destino que lhe foi confiado pela obediência foi a casa de Molfetta “SSmo. Nome de Jesus “onde recebeu a função de educadora e professora, de 1947 a 1949. Posteriormente, ocupou o mesmo cargo em Canosa, na Casa ” Maria SSma. Imaculada ”, de 1949 a 1964.

Em 1964, Ir. Giovanna começou a prestar seu serviço interno ao Instituto como conselheira e secretária geral. Ela se mudou para Roma, para a Cúria Geral na Via della Cisterna, em 1964. Em 1970, foi nomeada Vigária Geral e viveu de 1970 a 1976 na Cúria Geral na Via Trionfale. Em 1976, o Capítulo Geral a elegeu como Superiora Geral, cargo que ocupou por três sexênios, até 1994.

Após o mandato, depois de alguns meses em Palese e Maglie, em obediência, foi transferida para a casa “S. Martino “em Itri (LT) e em 1996 a fraternidade  “Sagrado Coração”de Bisceglie, onde até 2001 foi superior local.

Em 2001, voltou para Molfetta, entre as Irmãs idosas, onde ofereceu a todas o seu carinho e ternura, sua palavra de conforto e esperança, até que a doença a colocou em dura prova. Ela retornou à casa do pai em 10 de março de 2017.

 

A melhor forma de relembrar suas caracteristicas pessoais de maternidade, ternura, vigor, renovação e dinamismo na vida consagrada no Instituto é atravées dos seus escritos. Escolhemos alguns parágrafos ao longo dos anos:

 As vocações são dom de Deus para sua Igreja; é Ele quem faz o coração segui-lo no caminho da perfeita caridade. Cabe a nós colaborar com Deus, com nossa vida santa e alegria interior, para merecê-las. Esses dons são frequentemente obtidos de joelhos, após correções e revisões sérias e corajosas de cada comportamento, de cada modo de ser, pessoalmente e comunitariamente. Se houver necessidade de podar nossa vinha, devemos fazê-lo logo, com a confiança de que, a todo galho seco que cai, é prometido um fértil florescimento de novos galhos.

(Da carta circular da Imaculada Conceição, ano de 1977)

Recordamos muitas vezes que nosso Fundador estimulava continuamente nossas primeiras Irmãs a despir-se de tudo o que não vem de Deus, e se comprometerem pessoalmente, para viver apenas Dele e Nele. Essa meta ele ainda aponta para cada uma de nós, e seu desejo para nós ainda é seguir a Cristo pobre e crucificado em novidade de vida, reconhecendo-o nos pobres, na juventude em perigo, nos enfermos de corpo e alma, nas crianças que se abrem para o mistério do Ser. …  Pedimos tmbém, como um dia Francisco diante do crucifixo de São Damião: “fé firme,  esperança certa, humildade profunda ” (FF 276), para discernir o que Deus quer de nós neste preciso momento histórico da vida de nossa Fraternidade.

Da carta circular da Imaculada Conceição, 1981

O Pai Seráfico neste campo nos ensina de maneira inequívoca; basta ler e meditar cuidadosamente nas Admoestações III-V-XIV para nos convencer de que a pobreza interior, que corresponde ao “apressadamente se despoje”,  do Fundador , reproduz o “aniquilar a si mesmo” de Cristo e é o ponto focal do “sermos informados do espírito de Jesus Cristo” com o exercício da humildade, doçura, abnegação, mortificação e com luz e força da contemplação do mistério da cruz. Nosso caminhar “com alegria, no caminho do Calvário” pressupõe o despojamento interior de nós mesmos. […] Se não aliviarmos o fardo de nossas visões, interesses e projetos pessoais, das satisfações humanas de quem sabem muito sobre o mundo, das amizades que não nos aproximam de Deus, das preocupações com coisas e pessoas que nada têm a ver com caridade, não seremos capazes de dar o salto qualitativo em nossas vidas.

Da carta circular da Imaculada Conceição, 1983

Minhas queridas Irmãs, vamos prestar atenção à atmosfera de renovação que nos envolve neste ano de graça, prova do infinito amor de Deus. Não há dúvida de que Deus quer que sejamos santas; a Igreja tem muitos meios: Constituições – Regra – Código de Direito Canônico; tudo nos fala de renovação e nos chama a ser autênticas na experiência evangélica da vida religiosa. … Pedimos a Maria que nos liberte da tentação da mediocridade; de apoiar-nos, no caminho novo que nos espera, com a fé e a coragem que marcaram o seu SIM à vontade de Deus; abrir-nos totalmente a Cristo e à Igreja para olhar para o nosso futuro com confiança e esperança.

Aprovação das novas Constituições e da Regra da TOR – 23 de janeiro de 1984

Deixemos nossos corações mudarem pelo poder do amor de Deus, não nos contentemos em evitar o pecado, não podemos nos resignar a viver na mediocridade; advertiremos, em vez disso,  a necessidade de responder ao amor com o amor através de uma oração não desligada da vida, tanto no nível pessoal como no comunitário. O encontro com o Senhor, na Eucaristia, na oração litúrgica, enquanto nos converte pessoalmente, está no centro da comunidade e dá a cada uma de nós e, portanto, a própria comunidade, a capacidade de proclamar para o mundo a morte e ressurreição do Senhor …”

Quarta-feira de Cinzas e requisito de conversão 1998

Como membros do Instituto, somos todas portadoras do carisma que é “um dom do Espírito dado a cada um para uso comum”, como ensina São Paulo. […] Podemos nos perguntar se sentimos inquietação de fazer um esforço maior para dar a resposta adequada ao plano de Deus, se somos disponíveis pessoal e  comunitariamente ao confronto com a Palavra, com as Constituições, com os sinais dos tempos. […] O carisma guia nosso caminho de santidade ao longo da vida, mas atualmente merece atenção especial para aprofundar as linhas de implementação e nos comprometer a segui-las fiel e criativamente. […] Para que tudo isso seja traduzido em nossas vidas, é necessário o desafio da conversão que, seguindo o exemplo do Pai seráfico, nos torna transparentes e contestadores no sentido evangélico. […] O compromisso sério, nesse sentido, determina um novo estilo de vida em nível pessoal e comunitário e nos permite apresentar o carisma do Instituto com a vida e com as obras. […] Isso significa viver como profetas no presente para preparar um futuro cheio de esperança. […] Com a orientação certa desta Estrela Polar, fortaleçamos na fé e na caridade para ser na Igreja e no mundo uma página aberta no Evangelho escrita “não a tinta, mas com o espírito do Deus vivo.

Da carta circular da Imaculada Conceição ano 1988

Permitam-me, queridas Irmãs, este breve parêntese para fazer-vos uma confidência. Em agosto de 1976, quando o Senhor me confiou o novo presente com serviço ao Instituto, fiquei perdida e confusa. O caminho era desconhecido e difícil para mim. Consciente das minhas limitações, senti a necessidade de luz para confiar vocês e a mim mesma ao Pai Santo, que é “amor, caridade, sabedoria, humildade, paciência, paz, gaudio e alegria. Abri a Bíblia e o Senhor veio me encontrar com o Evangelho de João, cap. 21 e cap. 22. Parei nas palavras de Jesus a Pedro: “Você me ama? … apascenta minhas ovelhas” e na breve conversa entre Jesus e sua mãe nas bodas de Caná: “Enquanto isso o vinho acabou, a mãe disse a Ele: ‘Eles não têm mais vinho’ … A mãe disse aos servos: ‘Façam o que ele mandar.’ Essas duas maravilhosas cenas do evangelho, com as breves discussões entre o Mestre e o discípulo no primeiro, entre a mãe e o Filho no segundo, têm sido os constantes pontos de referência nos doze anos de serviço a todas vocês. […] Agora Maria nos ajuda a viver a atitude de louvor e confiança no Senhor e nos faz saborear a alegria de caminhar juntas. Através do serviço, ela me abriu o horizonte infinito do amor de Jesus e seu coração materno, em cada uma de vocês nas várias situações, nas indecisões, nas escolhas, nas muitas circunstâncias de fragilidade e necessidade.

Da carta circular da Imaculada Conceição, ano de 1988

Quando repetimos no Pai nosso “perdoai-nos as nossas ofensas “, colocamos nossas vidas de volta nas mãos de Deus, para que, ao nos recriarmos com sua misericórdia, Ele nos torne cada vez mais conformes à imagem ideal do nosso eu que é puro dom de Deus. […] Vivemos essa realidade continuamente porque está intimamente ligada ao dom da vida. […] Um Pai tão bom  que nos criou porque nos ama, não merece nos ver insatisfeitas, eternamente descontentes conosco mesmas, arrependidas ou nos reprovando por alguma coisa. O perdão de Deus, na experiência diária, é a descoberta contínua de um amor que vai além do nosso merecimento. Se nos sentimos pouco perdoadas, não podemos ser pessoas reconciliadas conosco mesmo. Chamadas à perfeição, devemos procurar, com humilde e com paciente esforço, realizar o plano do Pai. Ao descobrir que estamos longe disso, fazemos de tudo para fazer o melhor possível, sem nos iludirmos de que alcançamos a perfeição. Se realmente queremos nos tornar perfeitas, comecemos todos os dias a deixar a ilusão da perfeição. O perdão divino nos faz reconhecer que somos apenas viajantes, ‘peregrinos e estrangeiros’, dizia São Francisco; pessoas de boa vontade a caminho. […] Portanto, evitemos sentir-nos pessoas que já alcançaram a meta porque assim nunca vamos conseguir entender nem participar da festa do perdão de Deus. Somos responsáveis pela forma como vivemos a nossa pobreza diante de Deus.

Da carta circular da Imaculada Conceição, ano de 1990

Tornar-se discípulo da Palavra divina significa colocar a Palavra no centro da própria experiência interior, reconhecer sua primazia e centralidade indiscutíveis e estar convencido de que esse compromisso não pode ser substituído por nenhum programa ou atividade. […] Em outras palavras, devemos  treinar-nos a uma leitura existencial e ouvir a Palavra de Deus, no sentido de que devemos aprender dela a extrair as energias necessárias para entender o valor da vida e da consagração, da história e fraternidade, do trabalho e do descanso, da dor e da alegria, do viver e do morrer. Sem esse exercício diário, diante da perda de consciência, dos riscos do secularismo e do laicismo, o sentimento de frustração se fortalece, a tensão espiritual diminui, a própria experiência pessoal e comunitária perde seu dinamismo. No final, há um sério risco de render-se e se contentar com a sobrevivência.

Da carta circular da Imaculada Conceição, ano de 1992

Minhas queridas Irmãs, com imensa alegria vos escrevo pela última vez como Custódia Maior, menos de um mês antes do início do XVIII Capítulo Geral. O objetivo da presente é suficiente para esclarecer a razão da minha alegria. As características do Homem de Deus, escolhido pelo dono da vinha para dar início à família das ‘Filhas pobres de São Pedro de Alcântara’, podem ser resumidas da seguinte forma: como curador de almas: santa abnegação, constância admirável em superar os muitos obstáculos que teve que encontrar; cheio de caridade evangélica, amor fraterno, senso humano. […] Se deixarmos que o fogo do Amor de Deus, que Cristo veio acender em nosso coração, queime em nós como ardeu no coração sacerdotal de Dom Vincenzo Gargiulo, não teremos perplexidade, muito menos medo de nos abrir à ação do Espírito para preparar com vida o 1º centenário da morte do ‘pai de nossa Família Franciscana Alcantarina.

1° Centenário da morte do Fundador -Carta Circular da Imaculada, ano de 1994

Em simplicidade, confiamos a Maria, nossa mãe especialíssima, a importante tarefa que nos espera e aproximamo-nos da Regra e das Constituições com mente, coração e vontade abertos ao Espírito para que possamos realizar em nossa Família Franciscana Alcantarina um novo Pentecostes: a transformação interior de cada um de seus membros.

10 de junho de 1984 Pentecostes e Constituições

Maria se unirá, certamente, a todas nós para louvar a Deus e cantar o ‘Magnificat’ para nós também, se ela nos ver humildemente empenhadas no caminho da santidade em harmonia com o carisma original e em comunhão com a Igreja: na vida e na missão. […] Parafraseando o Fundador em sua primeira carta circular, concluo: – Para ter sucesso nesta obra de Deus, corramos até a Virgem e pedimos que a onipotência de seu “FIAT” transforme interiormente cada uma de nós e faça de nossas comunidades lugares de amor, de paz e de alegria para testemunhar a fidelidade de Deus com nossa fidelidade. […]. Maria nos ajude a nos abrir diariamente ao Fiat e a nos tornar mulheres do Magnificat que cantam sua fé e seu amor e, mesmo debaixo da cruz, vivem com esperança e dão esperança. Amém

Carta Circular da Imaculada, ano de 1994

Momento de oração nas fraternidades:


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