NATAL: O mundo se transforma em Presépio


 

“Quero evocar a lembrança do Menino que nasceu em Belém e todos os incômodos que sofreu desde a sua infância; quero vê-lo tal qual ele era deitado numa manjedoura e dormindo sobre o feno, entre um boi e um burro” (ICel, 84)

 

Minhas queridas irmãs e queridos irmãos, olhemos o mundo todo como um grande presépio, onde o Menino-Deus nasce, a cada instante, em todos os lugares e espera que o nosso coração seja uma manjedoura bem acolhedora.

O Natal é um tempo de reviver e reavivar a esperança, especialmente neste momento tão difícil de pandemia. Que a espiritualidade do Natal nos torne mais fortes na fé e mais zelosos com as coisas de Deus.

Nesta passagem das fontes franciscanas, supra citada, vemos como São Francisco de Assis percebia a encarnação, como ele vivia o Natal; para este grande Santo, o nascimento do Menino-Deus era a certeza de que Deus está muito próximo de nós.

Celebrar o Natal para São Francisco era viver a experiência de crer num Deus que assumiu a nossa natureza por amor e, por amor,  sofreu todos os incômodos de um homem pobre. Não tinha onde nascer; nasceu pobre entre os animais. Vemos São Francisco contemplando o presépio e descobrindo a riqueza, na pobreza do nascimento de Cristo. “Quando São Francisco de Assis, em sua intuição original recriou no presépio de Greccio, a expressão poética do Natal, desejava experimentar e reviver na própria carne, o mistério e o encantamento, o amor e a dor, a contradição da glória divina revelada na pobreza do Filho de Deus” (Fr. Regis Daher-OFM).

São Francisco de Assis, desejava meditar a presença do Deus encarnado em tudo aquilo que lembrava o acontecimento do Natal em Belém. Ele ousou descobrir a revelação divina no cotidiano da vida humana, mas para isso, descobriu que era necessário mudar o coração e o olhar, porque o mundo tornou-se presépio.

Na pobreza da Encarnação se revela o SEGUIMENTO. Quando percebemos que o mais importante é olhar o mundo com o olhar de um DEUS que assumiu nossa condição humana por amor, nosso coração se abre e entendemos que queremos segui-lo e tornar a nossa vida um ato de amor.

Desta forma, compreendemos que viver o Natal em tempos de pandemia significa olhar a realidade difícil pela qual estamos passando com o olhar de DEUS, num renovado espírito de conversão. Portanto, ali, no seguimento a Jesus Cristo pobre, que assumiu a condição humana, deitado no feno entre os animais, deve estar a nossa alegria e a nossa consolação.

Como nos diz o evangelista João “Entre nós ele armou sua tenda e nós vimos sua glória” (Jo 1,14), nós cremos que Deus assumiu a nossa natureza e tornou-se um de nós e, entendemos que o Natal e o presépio revelam uma contradição: ao assumir na carne as limitações da vida humana, Deus eliminou toda distância que poderia nos separar do Seu amor. Deus enviou o Seu Filho e este, sendo Deus, assumiu a nossa natureza por amor. E Maria foi um instrumento de amor nesta história da salvação, ela soube acolher a vontade de Deus, recebeu Deus em seu ventre e em seu coração acolhedor, pronto para fazer a vontade do PAI.

Nosso querido Papa Francisco, na oração do Angelus do dia 20/12/2020, nos ensinou que devemos estar preparados para dizer diariamente o nosso SIM. “Maria nos convida a dizer sim, sem adiar, cada sim nos custa, mas é sempre menos que aquele corajoso e pronto sim, aquele ‘faça-se se em mim segundo a tua palavra’ que nos trouxe a salvação. E nós, quais SIM podemos dizer? E nós ao invés de nos lamentarmos do que não podemos fazer nesta pandemia, façamos algo por aqueles que tem menos, para um necessitado em quem ninguém pensa”.

Papa Francisco continua sua reflexão sobre o NATAL que se aproxima e nos faz um convite: “… preparemos o coração, vamos rezar. Não nos deixemos levar pelo consumismo. O importante é Jesus. O consumismo nos sequestrou o Natal, o consumismo não está na manjedoura de Belém, nela está a pobreza e o amor…” (Papa Francisco- Angelus do dia 20/12/2020)

Quando percebermos que na manjedoura está o amor, faremos deste mundo um grande presépio, onde Jesus faz morada em cada coração.

Nestes tempos de pandemia aprendemos a valorizar o tempo, aprendemos a valorizar a família, a fraternidade, a sermos mais solidários, a darmos mais valor ao que realmente tem valor: a VIDA. Nestes tempos de pandemia queremos olhar o mundo com olhar de DEUS, e fazer do nosso coração uma nova BELÉM, a casa do pão e da partilha de tudo o que promove a VIDA.

Sabemos que o tempo, é tempo de Deus; que devemos viver cada instante com intensidade e generosidade. O tempo não nos pertence, mas o que fazemos dele é nossa responsabilidade. “É mais importante saber parar do que saber começar, é mais vital interromper que seguir adiante. A verdadeira sabedoria está na aceitação de que o tempo não se estende, que é incrivelmente breve, e que, por isso, devemos vivê-lo do modo mais equilibrado possível” (Cardeal José Tolentino).

Meu fraterno abraço e minhas orações às irmãs de todas as fraternidades e a cada uma das pessoas que nos acompanham pelas redes sociais e que desejam fazer com que neste NATAL o mundo seja um grande presépio.

Desejo a todos um Natal rico de bênçãos e solidariedade. Seguindo os conselhos do Papa Francisco “preparemos o coração como Maria, livre do mal, acolhedor, pronto para receber Deus”.

FELIZ NATAL!

PRÓSPERO 2021!

Irmã Virginia Matias Homem – Custódia Provincial


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