NATAL: Tempo de Esperança e Paz


No Natal vivenciamos a realidade de um Deus que entra na história porque deseja conhecer e assumir a nossa condição humana; quis se fazer um de nós. A encarnação do Filho aconteceu para revelar que Deus é uma comunhão de amor. A bondade do Pai torna-se visível no Filho.

Quando#Natal2 entendemos o mistério da encarnação, entendemos que devemos assumir os mesmos sentimentos de Cristo (cf Fl 2). Vivendo estes mesmos valores poderemos experimentar o verdadeiro sentido da encarnação. Se Deus não viesse a nós e se esvaziasse de sua condição divina e se misturasse conosco não poderíamos compreendê-lo.

Ao contemplar a realidade da encarnação vemos Maria como grande modelo de fé e obediência à vontade de Deus (Cf Lc 1, 26-56). Nem sempre entendemos esta vontade, por isso precisamos estar abertas ao discernimento. Maria e José também ficaram confusos diante dos desígnios de Deus. Como eles, também nós em muitos momentos ficamos perplexos diante de uma realidade ou acontecimento, e a exemplo da Sagrada Família precisamos nos abrir ao discernimento, para entender como esta vontade se manifesta hoje na nossa história.

O Discernimento exige de nós, cristãos(ãs) consagrados(as), um verdadeiro conhecimento da realidade. É preciso contemplar esta realidade com olhar de Deus e agir sempre com a certeza de que é Deus quem ilumina nossas decisões; Ele nos dá inspiração para agir de acordo com sua santíssima vontade e em consonância com nosso Carisma.

Em São Francisco temos um grande exemplo de homem aberto ao Espírito e capaz de realizar o discernimento daquilo que era vontade de Deus em sua vida. Vimemos hoje tempos difíceis, de medo, violência e guerra. É uma guerra silenciosa, onde se mata e morre em nome de uma religião. É a guerra pelo poder politico e financeiro. As pessoas vivem sob a cultura do medo.

Como nos tempos de hoje, São Francisco também viveu uma realidade de guerra; escolheu ser mensageiro de Paz. No encontro com o Sultão nos ensina a capacidade de respeitar a diversidade, tolerar as diferenças, abrir o coração ao novo. Neste encontro Francisco nos deu um grande exemplo de abertura ao dialogo religioso e político, tolerância e fraternidade.#Natal1

Na historia de São Francisco percebemos que o encontro com Sultão não teve um grande sucesso missionário, mas uma coisa é certa, os reflexos desta visita permanecem vivos até hoje; os franciscanos continuam lá sendo sinal de esperança, lutando pela tolerância religiosa, no meio de um povo marcado pela violência e pela morte.

Diante do presépio nos deparamos com estes mesmos valores: tolerância, paciência, respeito ao diferente, paz e a sublime humildade. Pelas raízes da nossa fé somos o povo da esperança; o nome do nosso Deus traz consigo a esperança. Quando Francisco recriou o Presépio queria nos mostrar o quanto a realidade da encarnação nos ensinava sobre a esperança, humildade e PAZ.

Francisco era um homem itinerante, para ele itinerância não significava apenas o êxodo de um lugar geográfico, mas de ideias, valores, projetos; isso o fazia crucificar-se em favor dos irmãos. Fazia de São Francisco um homem mensageiro de PAZ, um missionário da esperança.

O NATAL nos remete a este movimento do espírito, um êxodo, uma itinerância espiritual, deste êxodo surge a vida em Cristo. Não podemos ser escravos do medo e da morte, somos filhos e filhas da luz. Ser cristão, membros de uma Igreja viva, significa justamente viver o Evangelho com a própria vida; sem medo, sem desespero, mas com o sentimento mais forte de ESPERANÇA na verdadeira VIDA.

Não podemos nos esquecer de que para ser sinal de esperança precisamos preservar a VIDA. Como nos chama a atenção nosso querido Papa Francisco, “devemos cuidar da terra”, cuidar da vida que brota da terra. Deus nos deu de presente a mãe terra, dela tiramos nosso sustento. Como cristãos, e, sobretudo como franciscanos e franciscanos, devemos ser os primeiros a cuidar da natureza, preservar a VIDA. O profeta Isaías se dirige à terra em termos de parto “abra-se a terra e produza a salvação”. Terra nova é terra nossa hoje. O novo é tarefa nossa, devemos construí-lo em nosso cotidiano, através dos acontecimentos, de tudo aquilo que marca e faz história na nossa vida.

O sonho de Deus é a realização do reino de fraternidade. Todo Natal é um chamado à realização deste sonho. Todo Natal é a certeza de que este Reino de paz e fraternidade está entre nós, só precisamos fazê-lo acontecer. As pessoas olham para nós Religiosos(as) como alguém que traz em si a expressão do Sagrado, querem tirar de nós algo que ilumine as suas vidas, querem ver em nós a fraternidade se tornando realidade.

Por isso, temos a responsabilidade de viver o testemunho da fraternidade, viver de tal modo que as pessoas nos olhem e digam “como é bonito os irmãos viverem juntos, bem unidos” (Sl 133). Viver de tal modo que sejamos testemunhas verdadeiras de que a Fraternidade não é apenas uma utopia; você pode fazer dela uma realidade, você pode viver de tal forma que a fraternidade se concretize nas suas atitudes.

No Natal descobrimos que nosso Deus é um Deus que se preocupa em nos dar uma recompensa e, a recompensa de Deus é o amor; Ele é pura gratuidade. Deus não nos pede que o amemos, mas que deixemos que Ele nos ame. E Deus nos ama muito. Ele se antecipa no amor, Ele nos surpreende diariamente com seu AMOR.

E, neste momento que vivemos na Igreja a abertura da Porta Santa do Ano Jubilar da Misericórdia, peçamos ao Senhor um coração misericordioso, capaz de acolher o irmão, a irmã a partir e apesar de suas misérias. Acolher com o coração, fazer da fraternidade o lugar privilegiado da prática da misericórdia.

Com este espírito desejo a cada irmã e a cada irmão que nos acompanha através do Portal, um coração rico em misericórdia.

FELIZ E SANTO NATAL!

#Natal

 


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